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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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ALGUNS MÉIS, MELATOS E SAMORAS/SABURÁS (PÓLENS) TÓXICOS PARA<br />

PESSOAS<br />

Os méis tóxicos no Paraguai, Misiones, Rio Grande do Sul<br />

Em 1963, graças à boa vontade do Padre G. Furlong SJ e de meu fraterno<br />

amigo argentino Jorge Ardigó, obtive um microfilme dos preciosos originais<br />

escritos em 1776 por um missionário jesuíta, o Padre Joseph Sanchez Labrador,<br />

sobre as <strong>abelhas</strong> e outros animais do Paraguai e regiões vizinhas. Pelo menos<br />

parte do manuscrito, o livro sobre as <strong>abelhas</strong>, nunca chegou a ser publicado.<br />

Sanchez Labrador (1776 p.258) foi o primeiro a registrar a presença de mel<br />

venenoso nas Américas, mais precisamente no Paraguai. De acordo com o seu<br />

depoimento, "en el primer sitio que tubo el Pueblo de Santiago Apostol,<br />

neophytos chiquitos murierou algunos, atoxigados de la miel venenosa de ciertos<br />

panales, labrados por abejas, cuya naturaleza ignoraban. No privaba<br />

imprevistamente de la vida, sino com lentitud, causaudoles tal crispatura de la<br />

sangre, que la transpiraban sensiblemente por todos los poros, como quien suda".<br />

Don Felix de Azara, em 1806, no seu livro publicado em 1847, referiu-se a um<br />

inseto que chamou de abelha CABATATU. Com esse nome deve ser uma vespa.<br />

O seu mel "... emborracha como el aguardiente". O mel de ... "otra ocasiona<br />

convulciones y dolores vehementes, hasta que van cediendo à las trinta horas sin<br />

otra mala resulta".<br />

Auguste de Saint Hilaire (1824 p.340-344) relatou um caso de intoxicação por<br />

mel da vespa (marimbondo) lecheguana. Ele, um soldado e um caçador, a seu<br />

serviço, às margens do Rio de Santa Ana, nos campos do Rio Grande do Sul,<br />

perto do Uruguai, comeram cada um deles 2 colhera<strong>das</strong> do mel de uma vespa<br />

(marimbondo). Tratava-se da lecheguana, uma Vespoidea, provavelmente<br />

Polibiinea. Tinha um ninho de cartão, do tamanho de uma cabeça, suspenso numa<br />

pequena árvore. O mel colhido desse ninho era "de uma doçura agradável", <strong>sem</strong><br />

"sabor farmacêutico". Saint-Hilaire sentiu logo dores no estômago, mas dormiu.<br />

Ao acordar estava fraco e <strong>sem</strong> forças, não podendo dar mais que 50 passos.<br />

Verteu lágrimas e teve acesso de riso. Sentiu uma extrema fraqueza, e pensou que<br />

fosse morrer. A visão ficou perturbada. Bebeu muita água quente, para vomitar, o<br />

que afinal conseguiu. Seus companheiros tiveram delírios. Em outro relato, li que<br />

Saint Hilaire às vezes pensava que estava numa carruagem, em Paris.<br />

Mais adiante, no dia seguinte, ele e seus companheiros encontraram uma casa<br />

de marimbondos "absolutamente <strong>sem</strong>elhante" e pertencente também à lecheguana.<br />

Alguns índios da sua comitiva comeram o mel desse ninho e nada sentiram.<br />

Quando Auguste Saint Hilaire entrou na Província de Misiones (Argentina),<br />

indagou de muitas pessoas sobre o mel da lecheguana. Todos afirmaram que "o<br />

mel da vespa lecheguana não é <strong>sem</strong>pre perigoso, mas que, quando incomodava,<br />

ocasionava um tipo de bebedeira e delírio, do qual não se livra a não ser por<br />

vômitos, e que às vezes chegava a provocar a morte".<br />

O antropólogo francês J. Vellard (1939) escreveu um livro muito interessante<br />

sobre os índios guaiaquis do Paraguai. Naquela ocasião era

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