11.02.2014 Views

Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

292<br />

ALGUNS MÉIS, MELATOS E SAMORAS/SABURÁS (PÓLENS) TÓXICOS PARA<br />

PESSOAS<br />

pequenas variantes apenas, ouvimos esta narrativa da boca de caipiras paulistas e<br />

mineiros. Dizem alguns que o mel é tóxico, o que explicaria a origem da<br />

prevenção contra esta espécie".<br />

Outra lenda interessante foi relatada por Lafayette de Toledo. Segundo<br />

Hermann von Ihering (1903 = 1930 p.701), ele afirmou que na Serra do Barriga,<br />

no Ceará, há uma abelha chamada ABREU, "cujo mel produz embriaguez de<br />

caráter assaz curioso: o embriagado berra como bode". De acordo com Leonardo<br />

N. S. D. Castello-Branco, (1845 p.62-63), do vizinho Piauí, a abelha Miguel<br />

D'Abreu, ou Manoel D'Abreu, ou simplesmente D'ABREU, ou BREU, tem "mel<br />

mui grosso" e entrada tão pequena que mal cabe nela uma abelha. A meu ver<br />

trata-se da Frieseomelitta varia ou de espécie <strong>sem</strong>elhante. Como já contei, A.<br />

Saint Hilaire (1824 p.340-344) relatou que no Rio Grande do Sul e regiões<br />

vizinhas, inclusive Misiones, o mel tóxico produzido às vezes pela vespa<br />

(marimbondo) lecheguana causa delírios. Pode ser também que o mel da abelha<br />

ABREU, referido por Lafayette de Toledo, tenha às vezes características<br />

<strong>sem</strong>elhantes.<br />

A lenda da VAMOS EMBORA, e a da abelha ABREU no Ceará, também<br />

conhecida como BREU, mostra a existência de um fator tóxico, que nesses casos<br />

teoricamente poderia ser constituído por um alto teor de álcool no mel. O mel é<br />

uma substância açucarada e pode fermentar. Essa fermentação produz álcool, o<br />

que seria capaz de causar uma certa embriaguez com tontura, na pessoa que o<br />

consumir. No entanto, nos casos em que tenho visto fermentação no mel, esta<br />

acaba destruindo o produto armazenado pelas <strong>abelhas</strong>. Penso que mel azedo,<br />

fermentado, não é saboroso, apesar do fato de que na Europa é. tradicional<br />

fazerem hidromel, produto de fermentação. Às vezes existe na colônia algum mel<br />

fermentado, em certos casos mesmo em ninhos fortes ou medianos de<br />

Meliponíneos. Em Luziânia (GO) uma colônia forte de JATAI (Tetragonisca<br />

angustula) do meu meliponário local, teve seus estoques de mel destruídos por<br />

uma fermentação, mas ela se recuperou com minha ajuda. Outra explicação deve<br />

ser procurada para as ocorrências de tonturas <strong>sem</strong>elhantes às causa<strong>das</strong> pelo álcool.<br />

Se o álcool estivesse presente nos casos de intoxicação aqui considerados, além da<br />

tontura haveria certa euforia e outros sintomas de embriaguez, o que não parece<br />

ter ocorrido. Talvez, até certo ponto, haja <strong>sem</strong>elhanças entre os casos da vespa<br />

lecheguana e as len<strong>das</strong> do VAMOS EMBORA e da abelha ABREU ou BREU.<br />

Mas mesmo esses casos, não parecem ser uma embriaguez alcoólica.<br />

Os sintomas a que se referem as len<strong>das</strong> do VAMOS EMBORA e do ABREU,<br />

podem ser atribuí<strong>das</strong> às intoxicações causa<strong>das</strong> pelo botulismo ou pelas<br />

graianotoxinas, como será visto mais adiante

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!