11.02.2014 Views

Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A ORFANDADE 227<br />

<strong>sem</strong> rainhas poedeiras, é difícil concluir sobre o seu papel adaptativo, ou seja,<br />

sobre o seu papel na sobrevivência da sua espécie. Até agora (1995) não houve<br />

casos conhecidos em que colônias órfãs conseguis<strong>sem</strong> sobreviver por mais de<br />

alguns meses. Contudo, é possível que a atividade de obreiras-rainhas tenha em<br />

outras ocorrências evitado a instalação da orfandade, com o seu desfecho fatal. Na<br />

verdade a orfandade foi pouco estudada nos Meliponíneos. As observações de<br />

Cappas e Souza foram minuciosas nesse campo mas ainda há muito que pesquisar.<br />

Seria um erro negar a possibilidade da existência de obreiras-rainhas produtoras<br />

de fêmeas, pois elas estão presentes nas colônias de Apis mellifera capensis e<br />

podem estar também nas colônias de Meliponíneos.<br />

É difícil compreender como a interessante estratégia reprodutiva da Apis<br />

mellifera capensis pouco ou nada interessou à grande maioria dos que estudaram<br />

o comportamento <strong>das</strong> <strong>abelhas</strong> sociais. Uma exceção a essa regra é o trabalho de<br />

Hayo H. W. Velthuis, Friedrich Ruttner & Robin M. Crewe (1990). Esses autores<br />

fizeram um importante relato, no qual me baseio para as informações que se<br />

seguem. Onions em 1912, Jack em 1916 e depois Anderson em 1963, verificaram<br />

haver produção de operárias por outras operárias não fecunda<strong>das</strong>, na subespécie<br />

Apis mellifera capensis. Esta é uma abelha que vive na Província do Cabo, na<br />

África do Sul. Os ovos postos pelas operárias dão também origem a rainhas. As<br />

operárias capensis invadem a área da subespécie vizinha scutellata, entram em<br />

colônias órfãs da mesma, e põem ovos que produzem operárias. Estas dominam a<br />

colônia e criam uma rainha capensis. As operárias poedeiras capensis produzem<br />

feromônio real mandibular e assim conseguem ter uma corte de operárias<br />

hospedeiras. A primeira cria capensis é recebida com hostilidade pelas scutellata<br />

<strong>das</strong> colônias hospedeiras. Nessa ocasião a operária poedeira capensis pode ser<br />

morta. Contudo, se a cria capensis emerge em número suficiente, ela termina<br />

dominando a colônia. Em células reais de emergência uma rainha capensis é<br />

produzida a partir dos ovos femininos postos pelas operárias poedeiras dessa<br />

subespécie. No laboratório dirigido pelo Professor Dr. Hayo H. W. Velthuis, na<br />

Faculdade de Biologia da Universidade de Utrecht, na Holanda, foram obti<strong>das</strong> 27<br />

gerações de reprodução de operárias capensis, <strong>sem</strong> nenhuma in<strong>sem</strong>inação, ou seja,<br />

<strong>sem</strong> fecundação, portanto <strong>sem</strong> espermatozóides.<br />

Como se pode ver, as operárias poedeiras capensis que produzem cria feminina<br />

<strong>sem</strong> fecundação, são ainda mais inusita<strong>das</strong> e extraordinárias que as obreirasrainhas-poedeiras-fecunda<strong>das</strong><br />

que João P. Cappas e Souza (1992 pp.58-59) viu em<br />

Portugal, em colônias de MANDAÇAIA (Melipona quadrifasciata). Esse<br />

pesquisador português (loc. cit.) considerou haver, nos Meliponíneos, nada menos<br />

que 5 tipos de obreiras-rainhas. O mais avançado seria, digamos, o tipo obreirarainha<br />

fecundada. Há também uma categoria de obreira-rainha-poedeira-não<br />

fecundada, que põe ovos que dão origem somente a machos. É o que chamamos<br />

aqui operárias poedeiras.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!