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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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ALGUNS MÉIS, MELATOS E SAMORAS/SABURÁS (PÓLENS) TÓXICOS PARA<br />

PESSOAS<br />

São Simão e proximidades, em certos bolsões de cerrado ou transição de cerrado,<br />

cerca de 20 pessoas faleceram após comerem mel e/ou samora/saburá (polem) de<br />

ninhos naturais de <strong>abelhas</strong>. Isso ocorreu principalmente com colônias da abelha<br />

JATAÍ (Tetragonisca angustula), a espécie mais comum na região, aliás<br />

considerada lá como produtora de mel medicinal. Esse último detalhe está<br />

também presente no Relatório de Campo (1961) do Professor Renato Siqueira-<br />

Jaccoud. Em muitos outros lugares se ouve igualmente essa afirmação.<br />

Outros Meliponíneos, que não puderam ser bem identificados, também estavam<br />

envolvidos nessa região em alguns episódios de mel ou samora/saburá (polem)<br />

tóxicos. Num dos casos, porém, a morte foi devida à ingestão de produtos<br />

armazenados por uma colônia de Apis mellifera. Em resumo, os casos mais graves<br />

por nós registrados estavam em áreas de cerrado ou transição de cerrado, em<br />

bolsões de centenas de hectares ou mais, cada um, no interior de uma faixa maior<br />

com uma extensão de aproximadamente 210 km (Bauru-Agudos a São Simão) e<br />

largura de apenas cerca de 70 ou 60 de km (largura em castelhano é anchura). Na<br />

listagem <strong>das</strong> localidades acima referida, há dados levantados por mim e<br />

principalmente pelo Professor Renato Siqueira-Jaccoud.<br />

Durante os milhares de km em que o Prof. Renato Siqueira-Jaccoud percorreu<br />

comigo o interior paulista, ou quando viajamos isoladamente, tivemos ocasião de<br />

entrevistar centenas de pessoas. Indagamos, principalmente de pequenos sitiantes<br />

e de outros lavradores, o que eles sabiam a respeito de intoxicações e de<br />

problemas relacionados com a ingestão de mel e de samora/saburá. Dessas<br />

entrevistas emergiu um quadro bastante claro. Geralmente as pessoas indaga<strong>das</strong><br />

não sabiam de nenhum problema em relação ao consumo de mel e samora/saburá<br />

(polem). Contudo, dezenas de entrevistados conheciam casos referentes a<br />

terceiros, e mais raramente por experiência própria, nos quais a ingestão de mel e<br />

samora causou uma tontura, maior ou menor, algo como uma "bebedeira",<br />

geralmente <strong>sem</strong> conseqüências graves para a saúde. Esses casos foram discutidos<br />

em subcapítulo anterior. Contudo, registramos também relatos de casos graves,<br />

com perturbações maiores da visão, inclusive cegueira momentânea, dificuldades<br />

de respiração, e além disso praticamente <strong>sem</strong>pre tontura. Como expliquei,<br />

concluímos ter havido aproximadamente 20 mortes, além de um número<br />

indeterminado de casos graves e outros como já disse menos graves, estes mais<br />

numerosos. Quero esclarecer ainda que se tratava de crianças e adultos. Às vezes<br />

houve 2 ou 3 mortos no mesmo episódio. É necessário também salientar que<br />

muitas pessoas, mesmo gravemente atingi<strong>das</strong>, se recuperaram e sobreviveram. No<br />

seu relatório de campo, de 1961, o Professor Renato Siqueira-Jaccoud anotou<br />

depoimentos em Dourados (SP) e Boa Esperança do Sul (SP), na região Bauru-<br />

Agudos a São Simão, que descreveram casos muito graves com tontura (num caso<br />

descrito como "embriaguez") e cegueira momentânea mas deixando seqüelas.

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