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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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A OBTENÇÃO DE COLÔNIAS 107<br />

coice. Para diminuir as possibilidades de acidentes, antes da derrubada é preciso<br />

cortar todos os cipós que sobem na árvore e os que estão no caminho provável da<br />

queda. É necessário também ver em que outras árvores poderá bater ou resvalar a<br />

árvore que vai ser posta abaixo.<br />

São conselhos da maior importância, que me foram dados por Henrique<br />

Carazzola e pelo meu primo José Carlos B. Nogueira, dois mateiros dos mais<br />

experimentados. Sigo rigorosamente essas normas, cuja utilidade já constatei.<br />

Para capturar espécies agressivas, seria interessante marcar a colônia<br />

encontrada e depois agir numa madrugada fria, quando as <strong>abelhas</strong> estão meio<br />

entorpeci<strong>das</strong>. Nos sertões do Seridó (RN), no Nordeste, para capturar uma colônia<br />

de <strong>abelhas</strong> mais agressivas, "... costumam defumá-la antes com estrume de gado"<br />

(Lamartine de Faria & Lamartine, 1964 p.188). Há, porém, os que acreditam que a<br />

fumaça torna os Meliponíneos mais agressivos.<br />

Quando o ninho <strong>das</strong> <strong>abelhas</strong> está num oco de árvore, <strong>sem</strong>pre que possível o<br />

pedaço do tronco contendo o oco deve ser cortado de modo a ser transportado<br />

inteiro para o meliponário. Assim, as <strong>abelhas</strong> sofrerão menos. Monsenhor Huberto<br />

Bruening (1990 p.134) afirmou, muito acertadamente, que se deve primeiro trazer<br />

para casa o tronco com as <strong>abelhas</strong>, para depois fazer a transferência da colônia<br />

(para uma caixa ou colmeia). É o que fazem os índios do Alto Solimões.<br />

Monsenhor Bruening (loc.cit.) disse que se não for possível fazer isso, aconselha<br />

que o ninho ..." fique onde está". Ali, poderá ser uma <strong>das</strong> matrizes para<br />

enxameagens.<br />

Quando se usa um traçador para cortar o pedaço de tronco onde estão as<br />

<strong>abelhas</strong>, Portugal Araujo (1957 p.301) recomendou examinar <strong>sem</strong>pre os dentes<br />

desse instrumento, durante a operação. Quando surgir "... o cheiro característico<br />

da colônia, esta foi atingida. Retira-se a ferramenta (serrão-traçador) e inicia-se o<br />

corte mais longe". Existem também serras manuais de fita estreita, eficientes para<br />

podar árvores. Poderiam substituir o traçador se o diâmetro do tronco oco for<br />

relativamente pequeno.<br />

Segundo Rodolfo von Ihering (1940 p.407) "... o caboclo é, como o índio,<br />

grande apreciador do 'mel de pau' e dá o dia por bem empregado se, à custa de<br />

muito trabalho, consegue a lambarice".<br />

O sistema mais original de procurar <strong>abelhas</strong> indígenas solitárias e sociais, nas<br />

flores, era um que utilizamos algumas vezes em Cosmópolis (SP). Lá pelos anos<br />

1950, a cana de açúcar era ainda transportada em estra<strong>das</strong> de ferro particulares.<br />

No caso da Usina Açucareira Ester a bitola do trem media apenas 60 cm. Certa<br />

vez, num vagão aberto de transportar cana, instalaram-se em cômo<strong>das</strong> poltronas<br />

de vime, o Dr. Paul Hurd, do Smithsonian Institution, o Padre J. S. Moure e um<br />

estudioso aprendiz de <strong>abelhas</strong>, Paulo Nogueira-Neto. Uma locomotiva Maria<br />

Fumaça empurrava o vagão. Onde havia flores promissoras, o inusitado trem<br />

parava e nós saltávamos alegres do vagão, correndo alvoroçados atrás <strong>das</strong>

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