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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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OS FURTOS E ROUBOS EFETUADOS POR ABELHAS 355<br />

As principais <strong>abelhas</strong> pilhadoras são <strong>sem</strong> dúvida as que pertencem aos gêneros<br />

Lestrimelitta (IRATIM, LIMÃO CANUDO) e Cleptotrigona (na África) às quais<br />

será feita referência em outro subcapítulo.<br />

Uma espécie que parece destacar-se pela sua tendência saqueadora é a<br />

TURUÇU (Melipona fuliginosa Lepeletier). É o gigante negro e peludo dos<br />

Meliponíneos, parecendo até uma mamangaba. Segundo Kempf-Mercado (1952<br />

p.5-6), na região de Santa Cruz de la Sierra essa espécie rouba as colônias de Apis<br />

mellifera. Em Manaus, no Amazonas, o sr. J. Caubi Soares (comunicação pessoal)<br />

observou que as <strong>abelhas</strong> aqui chama<strong>das</strong> de TURUÇU atacam e causam grande<br />

prejuízo às colônias de JANDAÍRA ALARANJADA DE MANAUS (M.<br />

<strong>sem</strong>inigra merrillae). Em ambos os casos, houve violência e persistência nos<br />

saques.<br />

Segundo Nates-Parra y Cepeda (in Guiomar Nates-Parra, 1995 p.27), na<br />

Colômbia as <strong>abelhas</strong> CURRUNCHO GRANDE (Melipona fuliginosa Lepeletier),<br />

aqui chamada TURUÇU, podem ser às vezes ladras agressivas. De acordo com<br />

suas palavras, "segun versiones de Santander y Lanos Orientales estas abejas son<br />

capaces de eliminar colmenas completas de Apis, decapitando a las obreras que<br />

salen en defensa de sus nidos. El motivo de estos ataques es desconocido, pues se<br />

han presentado en épocas de escaso flujo nectarifero, y en ese caso M. fuliginosa<br />

roba provisiones ó en época de buen flujo sin que las abejas roben nada".<br />

Leonardo S. D. Castelo Branco (1845 p.66) escrevendo sobre as <strong>abelhas</strong> do<br />

Piauí, disse que as CAGA-FOGO (para ele TATAÍRA; seu nome científico é<br />

Oxytrigona tataira), apoderam-se <strong>das</strong> casas de outras <strong>abelhas</strong>. José Mariano-Filho<br />

(1911 P-85) afirmou também que essa abelha ataca "outras espécies <strong>das</strong> quais é<br />

muito temida". Na realidade trata-se de um pequeno grupo de Meliponíneos, cujas<br />

glândulas mandibulares secretam um líquido cáustico, que produz queimaduras<br />

nas pessoas. Verifiquei que isso ocorre principalmente em áreas da pele cobertas<br />

de suor. (P. Nogueira-Neto 1970 p.218).<br />

Hermann von Ihering (1903 = 1930 p.675) acusou a IRAPUÁ (Trigona<br />

spinipes, para ele T. ruficrus) de roubar as colônias de outras <strong>abelhas</strong> indígenas<br />

<strong>sem</strong> ferrão. Segundo escreveu, "um ninho dessa espécie, enquanto o mantive na<br />

vizinhança de outras colmeias, causou muito prejuízo, determinando a decadência<br />

e morte de várias Meliponas cujos celeiros haviam sido saqueados". Isso ocorreu<br />

com a Xupé (T. hyalinata), no meu meliponário de Luziania (GO).<br />

Na minha opinião porém, provavelmente H. von Ihering foi vítima de uma<br />

vizinhança excessiva de uma colônia de IRAPUÁ que se habituou ao saque. Tanto<br />

na capital paulista, como no interior deste estado, essas <strong>abelhas</strong> nunca<br />

constituíram problema para meus meliponários, a não ser talvez como<br />

concorrentes nas flores. Elas têm defeitos graves (cortam tecidos de plantas e são<br />

muito sujas e agressivas), mas no meu caso não foram ladras perigosas. Contudo,<br />

uma espécie próxima, a XUPÉ (Trigona hyalinata) em Luziania (GO) roubou e<br />

destruiu uma colônia relativamente forte de URUÇU AMARELA (Melipona<br />

rufiventris rufiventris).

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