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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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HÁBITOS ANTI-HIGIÊNICOS DE CERTAS ABELHAS 261<br />

"batume" ou lixo, algo pastoso, numa colônia da referida espécie que mantinha<br />

em Campinas (SP). Contudo, era um "batume" bem pouco fedorento. As amostras<br />

foram examina<strong>das</strong> no CETESB em São Paulo (SP). Numa delas não havia<br />

coliformes fecais e na outra o seu número (apenas 4 NMP/g) era muito reduzido, o<br />

que indicaria uma contaminação quase mínima, talvez acidental. A meu ver,<br />

porém, antes de uma conclusão definitiva deve ser repetido o exame, numa<br />

colônia onde o material exale forte mau cheiro, como às vezes ocorre.<br />

Nos ninhos externos de IRAPUÁ (Trigona spinipes) o uso de excrementos de<br />

vertebrados parece ser freqüente. Mariano-Filho (1911 p.127) afirmou que no<br />

ninho dessa abelha o revestimento externo é construído com a utilização de<br />

filamentos vegetais retirados do excremento de herbívoros, principalmente<br />

bovinos. Na Costa Rica, Alvaro Wille & Charles D. Michener (1973 p-38)<br />

explicaram que certas espécies de Meliponíneos empregam nos ninhos fezes<br />

humanas e de animais, principalmente na parte externa "de ninhos expostos". A<br />

IRAPUÁ não ocorre na Costa Rica, mas lá há espécies próximas, do mesmo<br />

gênero (Trigona) que constróem ninhos <strong>sem</strong>elhantes.<br />

A TUBUNA (Scaptotrigona bipunctata) é uma abelha de ampla distribuição<br />

nas Américas, embora não exista em muitas regiões. Essa espécie foi vista<br />

primeiro por Hermann von Ihering (1903 = 1930 pp.465-467) e depois por W. M.<br />

Wheeler (1913 p.5-6), visitando excrementos de vertebrados, respectivamente em<br />

São Paulo (SP) e na América Central.<br />

Segundo o Professor Dr. João M. F. Camargo (informação pessoal) a VAMOS<br />

EMBORA (Trigona recurso) guarda na parte inferior do ninho uma grande<br />

quantidade de excrementos. Tive ocasião de visitar o seu meliponário na Fac. de<br />

Filosofia, Ciências e Letras - USP - Campus de Ribeirão Preto (SP) e pude<br />

constatar o mau cheiro de fezes que emanava do ninho dessa abelha.<br />

Em 1993, pude ver na Fazenda e no meliponário de Cosme Reis, em Porto<br />

Nacional (TO), uma colmeia de URUÇU AMARELA, ali chamada URUÇU<br />

CABOCLA (Melipona rufiventris subsp). Essa colmeia havia sido revestida pelas<br />

<strong>abelhas</strong> com o que me pareceu ser esterco de galinha, já antigo e seco.<br />

Também as Apis mellifera podem ter hábitos anti-higiênicos, do ponto de vista<br />

humano. Assim, ela foi vista coletando água de esgotos (J. Gedde, 1721 p.63-64;<br />

C. G. Butler, 1949 pp.72-73). Contudo, o caso mais famoso foi o relatado por W.<br />

G. Sackett (1919 p.4). No Tennessee (USA) ele viu muitas vezes essa abelha<br />

andando sobre excrementos humanos. Em vista disso, fez vários experimentos<br />

para ver se haveria perigo para os consumidores do mel. Foram essas as primeiras<br />

pesquisas sobre a questão da possível contaminação do mel por bactérias. Os seus<br />

resultados mostraram, nas amostras que examinou, haver no mel de Apis mellifera<br />

uma clara ação antibiótica. Um fato que ele não soube explicar e que parecia<br />

muito inusitado, foi a constatação de que a

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