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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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ALGUNS MÉIS, MELATOS E SAMORAS/SABURÁS (PÓLENS) TÓXICOS PARA<br />

PESSOAS<br />

Heyningen, 1965 p.564). Esses fatos indicam que as intoxicações mais comuns<br />

que tem ocorrido na Federação Brasileira, com os produtos armazenados pelas<br />

<strong>abelhas</strong>, e que envolvem fraqueza muscular e tontura, não se enquadram nos casos<br />

clássicos de botulismo, pelo menos na sua fase inicial. Poderia ser algo parecido,<br />

mas diferente. Existiria talvez um tipo especial de botulismo, com algumas<br />

características próprias, a principal <strong>das</strong> quais seria ter um período curto de<br />

"incubação". Assim, os sintomas surgiriam logo, ao contrário do que ocorre<br />

usualmente nos casos conhecidos de botulismo. Mas isso é apenas uma vaga<br />

hipótese. Além da possibilidade da causa ser o botulismo, veja também a hipótese<br />

fitotoxínica e, no final deste capítulo, examine a diabetes como possível<br />

responsável por vários dos casos de intoxicação aqui relatados.<br />

Uma hipótese fitotoxínica<br />

Em agosto de 1995 estive em Washington DC, no USA, no Food and Drug<br />

Administration. Conversei lá longamente com o Dr. Haim Solomon, grande<br />

conhecedor do botulismo. Ele por sua vez, na minha presença, telefonou a um<br />

colega, o Dr. S. S. Arnon, pedindo uma opinião. Ao responder, este lhe disse ter<br />

lido um artigo interessante sobre mel tóxico na Turquia, publicado na famosa<br />

revista médica britânica The Lancet. Obtive esse artigo na Biblioteca da<br />

Faculdade de Medicina da USP. Fiquei surpreso ao fazer a sua leitura.<br />

Quatro pesquisadores turcos, H. Yavuz, A. Ozel, I. Akkus e I. Erkul (1991<br />

p.789-790) examinaram em profundidade os casos de 23 pessoas que ingeriram<br />

mel tóxico de Apis mellifera, na região do Mar Negro, na Turquia. Os sintomas<br />

foram surpreendentemente <strong>sem</strong>elhantes aos dos casos aqui relatados, e bastante<br />

parecidos, também, com os casos de botulismo. Em termos de porcentagens,<br />

100% dos pacientes tiveram hipotensão (pressão baixa), bradicardia (batimentos<br />

mais lentos do coração), 91% vomitaram, 74% suaram, 74% ficaram com tontura,<br />

67% tiveram consciência prejudicada, 30% mostraram exaustão, 30%<br />

desmaiaram, 22% tiveram visão obscurecida ou visão dupla, 33% mostraram<br />

cianose (insuficiência de oxigênio no sangue) e 33% sentiram surtos de frio. O<br />

exame desses dados mostra que tontura, fraqueza, exaustão, perturbações da visão<br />

e dificuldades respiratórias (veja-se mais adiante), são também sintomas<br />

encontrados na maioria <strong>das</strong> intoxicações mais graves causa<strong>das</strong> por méis ou pólens<br />

(samora/saburá) tóxicos na Federação Brasileira e alguns países vizinhos. Isso já<br />

foi explicado no decorrer deste capítulo. Também já relatei que as intoxicações<br />

menos graves ocorri<strong>das</strong> aqui são geralmente caracteriza<strong>das</strong> por tonturas. Segundo<br />

os autores acima citados, na Turquia os pacientes recuperaram a consciência ou se<br />

sentiram melhor entre 1 hora e 6 horas após, e se refizeram completamente em 1<br />

dia ou 2 dias. Penso que teria havido também problemas respiratórios, no contexto<br />

da cianose e da bradicardia (batimentos

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