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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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OS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 45<br />

à URUÇU AMARELA (provavelmente Melipona rufiventris), dizendo que "a<br />

porta é também de barro e com relevos, porém pouco salientes".<br />

No que se refere à crosta externa dos ninhos de IRAPUÁ (= ARAPUÁ,<br />

provavelmente Trigona spinipes), Vicente Coelho de Seabra (1799 p.104)<br />

explicou que a mesma é "...formada de esterco, pedaços de pau misturados e<br />

unidos com terra". Nesse caso a terra, certamente argilosa, tinha a função de unir<br />

na sua massa os outros elementos presentes na "grossa crusta ou capa" do ninho<br />

externo.<br />

Os excrementos dos vertebrados<br />

Esses excrementos são empregados com freqüência por certos<br />

Meliponíneos, na construção de diversas estruturas dos seus ninhos.<br />

O primeiro a verificar isso, no mundo científico, foi Vicente Coelho de<br />

Seabra (1799 p.104) ao examinar a composição da "grossa crusta ou capa" externa<br />

que envolve o ninho da IRAPUÁ (= ARAPUÁ, para ele; deve ser a Trigona<br />

spinipes). Nessa crosta ele identificou, entre outros materiais, o "esterco".<br />

Outro caso do emprego de fezes de animais, é o uso <strong>das</strong> mesmas nos<br />

batumes (paredes divisórias ou estruturas para calafetar o ninho) <strong>das</strong><br />

MANDAÇAIA (Melipona quadrifasciata). Como já disse, em 1993 enviei várias<br />

amostras de batume dessa abelha, oriun<strong>das</strong> de Campinas (SP), para exame<br />

bacteriológico no CETESB (órgão estadual de controle da poluição). Cerca da<br />

metade dessas amostras apresentaram um índice muito elevado de contaminação<br />

por coliformes fecais. Essas bactérias indicam haver contaminação por fezes<br />

humanas ou de mamíferos. As MANDAÇAIA (M. quadrifasciata) também<br />

colocam às vezes pelotinhas desses excrementos ao longo de certas juntas<br />

externas <strong>das</strong> colméias, possivelmente para marcar território. Também nas entra<strong>das</strong><br />

crateriformes que esse Meliponíneo constrói, já vi tais excrementos.<br />

Ricardo Cantarelli (informação pessoal) se referiu à coleta de excrementos<br />

de mamíferos ou humanos, pela URUÇU NORDESTINA (M, scutellaris) e<br />

também pela JANDAÍRA NORDESTINA (M. subnitida). A meu ver esse<br />

comportamento anti-higiênico pode ser encontrado em geral nos Meliponini, bem<br />

como em muitas espécies de Trigonini. Os Meliponini, segundo penso, são uma<br />

tribo de <strong>abelhas</strong> constituída somente pelo gênero Melipona. Os Trigonini são uma<br />

tribo de <strong>abelhas</strong> com dezenas de gêneros. O mel dos Meliponíneos em geral deve<br />

ser pasteurizado. Veja o Capítulo 27 sobre "Como pasteurizar e conservar bem o<br />

mel".<br />

Quanto aos Meliponíneos em geral, na Costa Rica, Alvaro Wille e Charles<br />

D. Michener (1973 p-38) escreveram que algumas espécies, ao invés de barro<br />

usam de preferência fezes humanas e de animais, principalmente na parte exterior<br />

"de ninhos expostos". Também a TUBUNA (Scaptotrigona bipunctata) foi vista<br />

por Hermann von Ihering (1903 = 1930

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