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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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Talvez o leitor pergunte porque tantas vezes escrevi as palavras<br />

"Federação Brasileira" ao invés de simplesmente dizer Brasil. Somos uma<br />

República Federativa, como é o caso de todos os grandes países do planeta, exceto<br />

a China. Sou de um tempo, o Estado Novo de Vargas, em que a Federação foi<br />

praticamente abolida. Junto com meus colegas, arrisquei a minha vida para que a<br />

Federação e a Democracia fos<strong>sem</strong> restabeleci<strong>das</strong>. No anoitecer de 09 de<br />

novembro de 1943, no Largo do Ouvidor, em São Paulo, fomos metralhados<br />

numa manifestação que era pacífica. Não possuíamos qualquer arma. Nesse<br />

episódio brutal, pelo menos um jovem (J. Silva Telles) morreu e cerca de 60<br />

ficaram feridos. Saí de lá vivo e ileso, mas foram os 50 metros mais perigosos e<br />

dramáticos da minha vida. Corria, tropeçava nos que tombavam provavelmente<br />

feridos, caia esparramado, me levantava e recomeçava a correr, até chegar exausto<br />

a uma esquina protetora. Por pouco o leitor ficaria <strong>sem</strong> este livro. Refugiei-me por<br />

alguns dias na casa <strong>das</strong> minhas tias Helena e Leonor, filhas de meu bisavô, o<br />

Presidente Campos Salles. Lucia, nessa ocasião, era minha namorada. Tempos<br />

difíceis, perigosos, que não devem voltar mais, nunca mais. Caminhamos para um<br />

mundo melhor.<br />

Na calada da noite, às vezes pintava nas paredes a bandeira <strong>das</strong> treze listas<br />

do meu Estado, arriscando-me a ir para a prisão. Nesses momentos perigosos,<br />

com a mão num pincel e os olhos sondando freqüentemente a aproximação<br />

possível de uma rádio-patrulha, simplifiquei a bandeira paulista. Na minha versão<br />

ela passou a ter apenas umas 4 ou 5 listas... Essa minha atuação grafiteira-cívica<br />

decorreu <strong>sem</strong> problemas maiores. Contudo, segundo penso hoje, aos donos <strong>das</strong><br />

paredes essa atividade deve ter causado alguns aborrecimentos, pelos quais peço<br />

compreensão e desculpas. Na realidade éramos jovens e cometemos alguns<br />

poucos excessos e imprudências. Mas já faz parte da história o fato de que o nosso<br />

adversário, o Governo do Estado Novo, finalmente abandonou o seu caráter<br />

fascista e anti-democrático e convocou as eleições que o país desejava. Sua<br />

ideologia foi sepultada no esquecimento geral do povo. Aliás, quem venceu<br />

mesmo foi a opinião pública. Mas seja como for, devemos <strong>sem</strong>pre em nossas<br />

vi<strong>das</strong> perdoar as ofensas recebi<strong>das</strong>. É o que mandam nossas convicções cristãs. É<br />

necessário unir esforços na busca de melhores dias para o nosso sofrido povo,<br />

superando antagonismos do passado e do presente. Devemos respeitar<br />

fraternalmente as idéias sérias e a dignidade <strong>das</strong> outras pessoas. Isso é da essência<br />

da Democracia. Contudo, a defesa dos princípios éticos, que incluem os direitos<br />

humanos, também exige o repúdio à onda de pornografia, drogas, violência,<br />

desrespeito à vida em to<strong>das</strong> as suas fases, destruição predatória da natureza,<br />

corrupção e outros males que infestam o mundo contemporâneo.<br />

Muitos anos depois, em outra época difícil, tomei parte na formulação e<br />

dirigi a implantação de uma legislação ambiental descentralizada. Vi de perto,<br />

intensamente, o quanto a Federação Brasileira é uma união<br />

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