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Vida e criação das abelhas indígenas sem ferrão - WebBee

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ALGUMAS CAPACIDADES E ATIVIDADES BÁSICAS 93<br />

imaginava que fosse assim, hoje ninguém sabe. É um mistério. Talvez tenha<br />

formulado apenas uma hipótese. Em Turim nunca houve Meliponíneos vivos. Se<br />

Maximilien Spinola tivesse ouvido ou lido algum relato, ou visto algo,<br />

provavelmente teria, pelo menos, mencionado dados concretos sobre o local da<br />

ocorrência. Seja como for, foi o primeiro a dizer como eram as caraterísticas<br />

gerais da enxameação entre os Meliponíneos.<br />

Passo agora a relatar como foram conhecidos alguns detalhes concretos<br />

sobre a enxameação entre os Meliponíneos. Durante alguns meses morei em<br />

Cosmópolis (SP) e em outras ocasiões ia para lá com freqüência, no fim dos anos<br />

1940 e no início dos anos 1950.<br />

Na casa-sobrado onde residiu também um tio-bisavô meu, Major Arthur<br />

Nogueira (hoje nome de uma cidade próxima), há uma parede e uma escadaria de<br />

pedra, bem como a base <strong>das</strong> colunas de madeira de um terraço, onde as <strong>abelhas</strong><br />

JATAÍ (Tetragonisca angustula), as IRAI (Nannotrigona testaceicornis) e as<br />

MIRIM DRORIANA {Plebeia droryana), teimavam em instalar seus ninhos.<br />

Provavelmente os ocos eram pequenos, pois as tentativas eram repeti<strong>das</strong> e após<br />

algum tempo os locais ficavam abandonados, para em seguida tudo recomeçar.<br />

Foi assim que descobri (Nogueira-Neto, 1954) que os Meliponíneos, ao<br />

enxamearem, carregam própolis e cerume para suas novas mora<strong>das</strong>. Verifiquei<br />

que às vezes levam tempo, até mesmo meses, fazendo esse transporte, para<br />

construir ninhos onde pretendem habitar. Esse cerume somente poderia provir de<br />

uma colônia de Meliponíneos.<br />

Mais tarde (op.cit.) pude desvendar outros detalhes, como por exemplo o<br />

fato de que as <strong>abelhas</strong> levam também mel, da casa velha para a nova residência.<br />

Como na ocasião tivesse falta de corantes apropriados, foi necessário improvisar e<br />

utilizar azul de metileno, um antiséptico que tem determinados usos médicos.<br />

Misturei esse produto ao mel que iria ser transportado. E assim, vi aparecer mel<br />

azul na nova colônia de MANDURI DE MATO GROSSO {Melipona favosa<br />

d'orbignyi). Na natureza, diga-se de passagem, não existem méis ou néctares<br />

azuis. Dessa maneira pude comprovar que mesmo depois da nova colônia já ter<br />

favos de cria e rainha própria, em plena postura, ainda prosseguia o transporte de<br />

mel da colônia mãe para a colônia filha (Nogueira-Neto,'1954 p.434-435,442).<br />

Muitas vezes a enxameação pode ser percebida devido à presença de<br />

grande número de machos que ficam esvoaçando, seja junto à entrada da colônia<br />

mãe da rainha virgem, seja defronte ao novo ninho que está sendo estabelecido.<br />

No que se refere à agregados de machos pousados perto de colméias ou em outros<br />

locais, veja o subcapítulo referente a machos, neste Capítulo.<br />

O processo de enxameação pode ser curto, pois durou 15 dias numa<br />

MIRIM DRORIANA (Plebeia droryana). Mas também pode ser longo, nesse<br />

caso se estendendo por vários meses. Numa colônia de JATAI (Tetragonisca<br />

angustula) teria durado 110 dias ou mais (Nogueira-Neto, 1954 p.441-442).

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