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Confissões do pastor - Caio Fábio

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Capítulo 22<br />

“Numa ocasião, na a<strong>do</strong>lescência, eu ardia por encontrar satisfação nos prazeres<br />

animais. Assim, eu corri selvagem pela floresta sombria das aventuras eróticas.<br />

Dessa forma, minha beleza se foi e eu apodreci ante os Teus olhos, ó Deus. Mas ao<br />

tentar me dar prazer, o que eu realmente buscava era obter aprovação humana.”<br />

Santo Agostinho, <strong>Confissões</strong><br />

No nosso caminho aparecia de tu<strong>do</strong>: artistas de televisão e cinema, músicos de renome,<br />

prostitutas da elite, cafetões de empresários e políticos, meninas virgens pela frente e<br />

marias-batalhão por trás, homossexuais musculosos e bons de briga, homens casa<strong>do</strong>s com<br />

mulheres lindas, mas que na moita não resistiam ao charme de um surfista etc. Enfim, era um<br />

circo de vaidades, perversões e <strong>do</strong>enças da alma.<br />

Para Zé e para mim aquilo tu<strong>do</strong> era parte <strong>do</strong> jogo da sobrevivência, e nós nos relacionávamos<br />

com to<strong>do</strong>s aqueles segmentos de mo<strong>do</strong> a tirar deles o máximo de vantagem possível. Mas como a<br />

situação financeira apertou, decidi ver se uma certa maneira de fazer dinheiro poderia funcionar.<br />

Ora, eu tinha ouvi<strong>do</strong> na academia que alguém de lá havia encontra<strong>do</strong> com Pedrinho Aguinaga —<br />

considera<strong>do</strong> na época o homem mais bonito <strong>do</strong> Brasil —, que o vira com um mulherão e lhe<br />

dissera: “Olha aqui, cara, você tá tiran<strong>do</strong> essa onda toda porque é bonito. Cê sabia que eu tenho o<br />

poder de ti fazer o cara mais feio <strong>do</strong> Brasil em <strong>do</strong>is minutos?”<br />

A lógica <strong>do</strong> negócio era a seguinte: homens bonitos demais não gostariam de se arriscar a<br />

levar uma surra na frente de suas mulheres. Saí dali e comecei a procurar homens bonitos pelas<br />

ruas <strong>do</strong> bairro. Não deu outra. Veio o primeiro, com uma mulher linda. Tinha uns 21 anos e cara<br />

de quem carregava dinheiro no bolso. Parei na frente dele, olhan<strong>do</strong> para a mulher que o<br />

acompanhava e dan<strong>do</strong> soco de uma mão contra a palma da outra.<br />

— Cara, você é bonito à beça. É uma pena que eu seja muito bom de briga e consiga te<br />

fraturar a cara rapidinho — disse.<br />

A resposta foi súbita. O moço arregalou os olhos, olhou para a mulher, viu que podia ser<br />

verdade, e disse:<br />

— Pára com isso, bicho. Eu sou de paz. O que qui cê quer?<br />

Aí, então, eu disse que precisava de grana, e ele me deu tu<strong>do</strong> o que tinha. Agradeci, elogiei a<br />

mulher dele, e saí andan<strong>do</strong> na direção oposta. Passei o resto <strong>do</strong> tempo fazen<strong>do</strong> aquilo. Sempre<br />

funcionou, exceto uma vez.<br />

Naquele dia, resolvi abordar um homem com cara de militar. O problema é que eu já estava<br />

tão cara-de-pau que havia perdi<strong>do</strong> completamente o receio. Nas cinqüenta vezes anteriores, eu

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