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Confissões do pastor - Caio Fábio

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sensação de estar sen<strong>do</strong> segui<strong>do</strong>. Pediria asilo ao Ministério da Justiça, em Brasília, e depois iria<br />

para Boston, estudar.<br />

Durante to<strong>do</strong> aquele tempo de entrevista coletiva vi um rapaz branco, de cara re<strong>do</strong>nda e<br />

cabelo liso, escorri<strong>do</strong> sobre a testa, em pé, encosta<strong>do</strong> a uma coluna.<br />

A imprensa se retirou, mas as declarações ensandecidas <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r não cessaram.<br />

Marcello Alencar atacava de to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s, e eu respondia. Algumas declarações <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r<br />

merecem ser aqui transcritas, ainda que resumidamente:<br />

“Não venham me dizer que eles (os traficantes) passaram ali e deixaram a droga em<br />

trânsito. Estavam fazen<strong>do</strong> daquele lugar um depósito de drogas e os titulares dessa<br />

entidade terão que ser responsabiliza<strong>do</strong>s porque consentiram.” — Jornal <strong>do</strong> Brasil,<br />

25/11/95<br />

“A polícia tem fortes suspeitas de que as crianças são usadas para transportar a<br />

droga.” — Jornal <strong>do</strong> Brasil, 25/11/95<br />

“Suspeito que aí tem o fio de uma meada que não sei onde vai parar. A Fábrica pode<br />

fechar como instrumento equivoca<strong>do</strong> de assistência. Ou então extinguir a ação daqueles<br />

que comandam um empreendimento que não apresenta as características que anuncia.”<br />

— Tribuna, 25/11/95<br />

“Essa investigação vai nos levar aos engana<strong>do</strong>res de nossa sociedade.” — Jornal <strong>do</strong><br />

Brasil, 25/11/95<br />

“Eles não vão pedir nada (investigação acompanhada pelo Ministério Público), pois o<br />

Ministério Público não vai dar atenção (ao <strong>pastor</strong>), não vai desmoralizar uma ação <strong>do</strong><br />

governo. Eu é que quero saber como eles funcionam, de onde vêm e para onde vai o<br />

dinheiro dessa gente.” — O Globo, 27/11/95, sobre o meu pedi<strong>do</strong> ao MP para que<br />

acompanhasse as investigações. Mas em 28 de novembro, ven<strong>do</strong> que havíamos si<strong>do</strong><br />

atendi<strong>do</strong>s e a fim de não se desmoralizar, Marcello Alencar então solicitou ao Ministério<br />

Público que designasse alguém para acompanhar o caso.<br />

“O que eu quero é a apuração real, verdadeira, sem preconceito. Então, vem esse<br />

cidadão e diz que vai fazer investigação paralela. Ele que faça o que quiser no âmbito de<br />

suas atividades. Isso eu não posso impedir, mas que é ridículo dizer que vai apurar sem ser<br />

através da polícia, isso é. É uma bobagem.” — O Globo, 28/11/95<br />

“O <strong>pastor</strong> <strong>Caio</strong> fez uma afirmação ridícula de que vai apurar o caso. Essa função é da<br />

polícia. Onde já se viu desprestigiar a autoridade.” — Jornal <strong>do</strong> Brasil, 28/11/95<br />

“É hora de confiarmos no poder público e não em aventureiros que aparecem aí sob a<br />

capa da generosidade.” — O Dia, 28/11/95<br />

“Eu não falo de <strong>Caio</strong>s. Os únicos <strong>Caio</strong>s que eu respeito são os da história romana.” —<br />

O Dia, 1º/12/95<br />

Além de tu<strong>do</strong> isso, o governa<strong>do</strong>r chamou a Fábrica de Esperança de Fábrica de<br />

Desesperança e disse que iria fechá-la, pois desde janeiro daquele ano sabia que ali havia<br />

tráfico de drogas.<br />

Respondi às acusações <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> conforme me man<strong>do</strong>u a consciência<br />

e não me arrepen<strong>do</strong>, até o dia de hoje, de uma única resposta sequer.<br />

“O governa<strong>do</strong>r foi leviano, irresponsável e inconseqüente. Isto não é declaração de um<br />

governa<strong>do</strong>r de esta<strong>do</strong>.” — 25/11/95, frase repetida em to<strong>do</strong>s os órgãos de imprensa <strong>do</strong> Rio<br />

e nas redes de televisão a propósito das primeiras declarações de Marcello Alencar sobre<br />

a Fábrica ser depósito <strong>do</strong> tráfico de drogas e a utilização de criancinhas para aquela

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