Confissões do pastor - Caio Fábio

More documents

Recommendations

Info

$Jonas o sucesso do fracasso.pdf - Caio Fábio$

minha secretária à época, com os olhos arregalados. Não esperei nem que ela terminasse a frase. Corri para o carro e disparei para Acari em companhia do pastor Ariovaldo Ramos. — Caio, fica tranqüilo. Parece que é um incêndio setorizado e que já está sob controle. Não fica angustiado — dizia Alda, enquanto os meus olhos me provavam que a informação estava incorreta, pois ainda estávamos na avenida Brasil, na altura de Parada de Lucas, a uns seis quilômetros de distância, e já era possível ver as nuvens negras cobrindo toda a região da Fábrica. Fomos orando em silêncio. Não gritamos e nem nos agitamos. Silêncio e o pensamento em Deus era o que eu conseguia fazer. Quando chegamos, já havia centenas de pessoas se espremendo em frente à Fábrica. Muita gritaria e muito desespero. Tive de entrar no peito e na raça, pois a mídia queria uma “declaração” minha já ali fora. — Se eu declarar, eu perco a Fábrica. Depois. Agora é hora de apagar o incêndio — falei e entrei pelo portão lateral. A cena era caótica. O Galpão 17, o primeiro da lateral direita da propriedade, já tinha acabado. Dois outros ao lado ameaçavam ter o mesmo fim. As chamas corriam pelo telhadão único de amianto, que cobre pelo menos 15 mil metros quadrados de área e onde havia vários outros galpões. Tudo aquilo poderia virar cinzas. Quando me dei conta, havia um espetáculo fascinante acontecendo paralelamente à catástrofe. Funcionários da Parmalat, nossa vizinha, estavam correndo por todos os lados com suas empilhadeiras, tentando tirar as máquinas da Xerox de dentro dos outros galpões. Bombeiros recebiam ajuda heróica dos funcionários da fábrica. Policiais militares que por ali iam passando pararam e entraram na luta contra as chamas, ajudados por um monte de rapazes suspeitos, que, vendo as chamas invadirem o lugar, pularam o muro e levaram sua colaboração. — Corre gente. Anda gente. Aqui está nossa esperança. Ela não pode virar cinzas. Vamos apagar esse fogo — eram os gritos que se faziam ouvir durante todo o tempo. Não fosse tamanha solidariedade, o desfecho poderia ter sido outro. No meio de tudo aquilo, subi correndo para o topo do prédio central, de onde vi que as chamas corriam sobre o telhado, animadas que estavam pelo vento produzido pela hélice do helicóptero de reportagem da Globo. — Mande o pessoal passar um rádio pro helicóptero levantar e filmar de longe. Ele tá abanando o fogo. E mande um grupo quebrar uma linha de uns três a quatro metros de largura em toda extensão do telhado para as chamas não passarem — falei para Egnaldo Júnior e Reginaldo. As duas providências foram tomadas e com a ajuda informal do grupo da solidariedade antiincêndio conseguimos extinguir as chamas depois de três horas de combate. Aquele incêndio queimou mais de mil máquinas Xerox, mas gerou três coisas. Primeiro, a consciência da importância da Fábrica para os habitantes do lugar. Além da solidariedade dos adultos, recebemos depois centenas de trabalhos infantis das escolas da região mostrando o impacto do incêndio na produção dos alunos. Eram declarações lindas de amor à Fábrica. Segundo, a enorme mídia que o episódio nos deu em todo o Brasil. Até aquele dia, a Fábrica era um projeto social do Rio, conhecido na cidade e cuja existência era de alguma forma percebida em outros lugares. Mas as transmissões ao vivo, bem como nos telejornais e demais veículos de comunicação, nos tornaram conhecidos em todo o país. Terceiro, a constatação de nossa fragilidade contra aquele tipo de coisa e contra qualquer outra situação na área de segurança física da Fábrica. Numa área tão grande como aquela, não havia meios humanos que nos dessem garantias totais de que coisas daquele tipo não pudessem acontecer outra vez.
— O que foi que o senhor sentiu quando viu a Fábrica em chamas? — perguntaram os repórteres. — Olha, eu fui lá pra cima e disse: “Deus, mesmo que isso tudo pegue fogo, a gente vai começar tudo das cinzas, outra vez.” Sabe, gente, o fogo que nos arde aqui dentro é mais forte do que aquele que nos ameaçou. Mesmo que tivéssemos que recomeçar das cinzas, nós recomeçaríamos. Não tem mais volta — falei para um batalhão de jornalistas que, àquela altura, já tinham deixado o profissionalismo de lado e expressavam claramente seu alívio com o desfecho da situação.
Page 1 and 2:
Apresentação Era uma vez um jovem
Page 4:
Aos muitos seres que me habitam a a
Page 7 and 8:
me passou pela cabeça tornar-me um
Page 10 and 11:
Capítulo 1 “Ao dizer que atos vi
Page 12 and 13:
infindáveis, que não incluíam ma
Page 14 and 15:
arranco. Assim, sua provocação, d
Page 16 and 17:
Capítulo 2 “Honra, poder de dar
Page 18 and 19:
pequeno Cainho, ele dizia que seria
Page 20 and 21:
Capítulo 3 “A leitura mudou meus
Page 22 and 23:
papai, na época com dez anos de id
Page 24 and 25:
Capítulo 4 “Eu não sabia que o
Page 26 and 27:
mesmo e de pensamentos que interaja
Page 28 and 29:
Capítulo 5 “Meus estudos, os qua
Page 30 and 31:
filho e dizer-lhe: “Minha última
Page 32 and 33:
Capítulo 6 “Hoje tenho mais pena
Page 34 and 35:
Mestrinho nomeou-o diretor comercia
Page 36 and 37:
noite, vinham as músicas e as hist
Page 38 and 39:
deveríamos visitar jamais — cois
Page 40 and 41:
frontal que protegia o comando do b
Page 42 and 43:
Possivelmente, dentre as lições d
Page 44 and 45:
Capítulo 9 “Para mim era doce am
Page 46 and 47:
Afinal, para quem havia tido um mar
Page 48 and 49:
profunda no seu compromisso existen
Page 50 and 51:
Capítulo 10 “Tu me ajuntaste do
Page 52 and 53:
lugar de nossa solidão e de nossa
Page 54 and 55:
mamãe desesperada. — Pelo amor d
Page 56 and 57:
Capítulo 11 “Eu, portanto, decid
Page 58 and 59:
Mamãe abriu o texto que papai havi
Page 60 and 61:
solidariedade para com a trajetóri
Page 62 and 63:
lábios, cheguei à conclusão que
Page 64 and 65:
droga. Foi só num entardecer de ju
Page 66 and 67:
Capítulo 14 “Para quem eu conto
Page 68 and 69:
Barros. Seu Barros era cliente de p
Page 70 and 71:
Capítulo 15 “Que podridão! Que
Page 72 and 73:
era fácil. O que eu não poderia i
Page 74 and 75:
Capítulo 16 “A alma pratica forn
Page 76 and 77:
dinheiro para fazer besteira. Os pr
Page 78 and 79:
morena, tinha uma cintura bem-feita
Page 80 and 81:
Capítulo 17 “O único desejo que
Page 82 and 83:
estrada, pensei: “É, vai sujar.
Page 84 and 85:
profético: “É! Deus tá te deix
Page 86 and 87:
já não houvesse clima, um dos ato
Page 88 and 89:
o branco pode ser sem perder o pode
Page 90 and 91:
na hora. Os desabafos aconteceriam.
Page 92 and 93:
lá. Creio que pelo menos 65% do PI
Page 94 and 95:
Quando ia passando com ela pelo cor
Page 96 and 97:
Capítulo 21 “Eu vim para Cartago
Page 98 and 99:
abraços, e nós voltamos para a es
Page 100 and 101:
Capítulo 22 “Numa ocasião, na a
Page 102 and 103:
de voz macabro, confirmando minhas
Page 104 and 105:
Capítulo 23 “A tua mão pesava s
Page 106 and 107:
camas das melhores famílias, espec
Page 109:
PARTE II Confissões de Dúvida e F
Page 112 and 113:
amarelo do Apocalipse é a morte
Page 114 and 115:
queria te experimentar. Sou amiga d
Page 116 and 117:
saindo com uns caras que te odeiam.
Page 118 and 119:
Para complicar ainda mais as coisas
Page 120 and 121:
desinteressantemente masculinos. Co
Page 122 and 123:
Meu tio Lucilo, que morava num pequ
Page 124 and 125:
Capítulo 26 “A nova vontade, que
Page 126 and 127:
O sol se pôs. A árvore que estava
Page 128 and 129:
visão de mim mesmo que eu jamais a
Page 130 and 131:
Capítulo 27 “Sentira-me atraído
Page 132 and 133:
o que fizesse barulho, seguida de u
Page 134 and 135:
durara pelo menos uns seis ou oito
Page 136 and 137:
— Quando é mesmo que vocês est
Page 138 and 139:
outra da boca. Uma hora depois, est
Page 140 and 141:
nas escolas e nas praças. E, sobre
Page 142 and 143:
horas da segunda-feira nos buscaria
Page 144 and 145:
más notícias sobre o seu quadro c
Page 146 and 147:
exclusivamente baseado nas evidênc
Page 148 and 149:
detalhe da programação. A data j
Page 150 and 151:
desejou. Olhando-o ali, sobre aquel
Page 152 and 153:
Capítulo 30 “Se te agradam as al
Page 154 and 155:
aplica a salvação, é prerrogativ
Page 156 and 157:
Capítulo 31 “Senhor, Deus da ver
Page 158 and 159:
guardadas na memória dos uai-uai.
Page 160 and 161:
O xim xam xam Nairamam KorinKomam!
Page 162 and 163:
prendiam. Especialmente as forças
Page 164 and 165:
Olhei para George e vi que estava c
Page 166 and 167:
experiência com sua própria branc
Page 168 and 169:
doutrinado a venerar judeu. Eles er
Page 170 and 171:
então que, numa viagem pela Aleman
Page 172 and 173:
Capítulo 33 “Tuas palavras, Senh
Page 174 and 175:
Conversamos muito sobre outros assu
Page 176 and 177:
Antes da minha conversão à fé, d
Page 178 and 179:
Capítulo 34 “Tampouco podes ser
Page 180 and 181:
missionário depositava semanalment
Page 182 and 183:
— Seu desgraçado. Tá pensando q
Page 184 and 185:
produção do programa de televisã
Page 186 and 187:
evelações, impressões e de certe
Page 188 and 189:
em 1982 falei durante o ano para ap
Page 190 and 191:
amanhecido com três filhos e está
Page 192 and 193:
O único chão onde me dava prazer
Page 194 and 195:
Henrique Ziller era o diretor execu
Page 196:
PARTE III Confissões de Desespero
Page 199 and 200:
favores especiais, símbolo de impo
Page 201 and 202:
— Com a palavra o bispo Edir Mace
Page 203 and 204:
afirmei com excitação e perplexid
Page 205 and 206:
Capítulo 39 “Às vezes também m
Page 207 and 208:
seria o último. “Por favor não
Page 209 and 210:
Edir apenas abanou a cabeça e foi
Page 211 and 212:
— Mas o que o “homem que tem po
Page 213 and 214:
Capítulo 41 “Meus bens já não
Page 215 and 216:
sagacidade e sua imensa capacidade
Page 217 and 218:
mudar sua vida. Não passa de fever
Page 219 and 220:
Capítulo 42 “Sem dúvida o permi
Page 221 and 222:
— Aqui, ó, não me levem a mal,
Page 223 and 224:
mundo pra tirar essa natureza de es
Page 225 and 226: ecomeçar na vida — falei como se
Page 227 and 228: Capítulo 44 “Quando Deus manda a
Page 229 and 230: — Eu não quero Deus. Eu quero é
Page 231 and 232: Capítulo 45 “Não obstante isto,
Page 233 and 234: um monte de entrevistas. E a Fábri
Page 235 and 236: paz o dia inteiro. Assim seu minist
Page 237 and 238: da Corregedoria de Polícia, chegam
Page 239 and 240: Capítulo 47 “Tinhas ferido nosso
Page 241 and 242: estado. Ao mesmo tempo, pude separa
Page 243 and 244: nos fundos da favela de Acari, na p
Page 245 and 246: Onde íamos, o Exército chegava ju
Page 247 and 248: longe. É verdade que cê quer desa
Page 249 and 250: Borel do que qualquer outra autorid
Page 251 and 252: Capítulo 49 “Em todas essas cois
Page 253 and 254: “O que vocês acham da visita do
Page 255 and 256: identificar. Tá com a voz estranha
Page 257 and 258: — O que a gente faz, Ernan? — p
Page 259 and 260: certa medida, aquele milagre aconte
Page 261 and 262: tinha sido preparado. Mas como eu c
Page 263 and 264: — Nunca estive melhor e nunca est
Page 265 and 266: de um cachorro amigo do Negão, que
Page 267 and 268: Eu, entretanto, estava na companhia
Page 269 and 270: humano, que fora minha herança fam
Page 271 and 272: Capítulo 55 “O que me mantinha c
Page 273 and 274: Poucos dias depois, recebi um telef
Page 275: aquilo que estávamos construindo a
Page 279 and 280: o machucou, por favor, tire isso do
Page 281 and 282: Capítulo 58 “Se fazem réus dos
Page 283 and 284: descobrem a necessidade de se prote
Page 285 and 286: que possa ter tido foram todos defi
Page 287 and 288: gente de fibra tinha tido a coragem
Page 289 and 290: para onde está indo, então não h
Page 291 and 292: moral das polícias, com uma melhor
Page 293 and 294: Capítulo 60 “Se Tua justiça des
Page 295 and 296: que não queria era “ventar” mi
Page 297 and 298: informar à diretoria o que estava
Page 299 and 300: suposta tarefa. “Não tenho medo
Page 301 and 302: fogo cruzado, deixei as reflexões
Page 303 and 304: No dia 25, um grupo de amigos se re
Page 305 and 306: O único senão foi com uma famosa
Page 307 and 308: Fragoso para pegar a causa, pois te
Page 309 and 310: — É uma fita de vídeo, pastor.
Page 311 and 312: preocupado e já achando que nosso
Page 313 and 314: — Rosângela, mande cancelar o Mo
Page 315 and 316: a memória genocida dos maias e cai
Page 317 and 318: Capítulo 64 “Os prazeres da vida
Page 319 and 320: morrer aos 33 anos, como Jesus. A v
show all

Confissões do pastor - Caio Fábio

Create successful ePaper yourself

Delete template?

Save as template?