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à minha. Precisava haver uma estrutura que pairasse acima das bandeiras evangélicas, de mo<strong>do</strong><br />
que pudesse servir a to<strong>do</strong>s. Pensamos e criamos aquilo que no meio evangélico se chama de<br />
Missão, e que <strong>do</strong> la<strong>do</strong> de fora se convencionou chamar de ONG cristã. Assim nasceu a Vinde,<br />
sigla de Visão Nacional de Evangelização.<br />
A questão é que eu pensei que aquilo que nós estávamos fazen<strong>do</strong> ali no meio <strong>do</strong> mato era<br />
lugar-comum. Minha admiração foi enorme quan<strong>do</strong> ouvi Marcos Gilson, da ABU, e Abraão, da<br />
MPC, dizerem que o que estava acontecen<strong>do</strong> ali não tinha paralelos no resto <strong>do</strong> Brasil. “Vocês<br />
estão anos à frente <strong>do</strong> resto da Igreja. Não há nenhuma outra cidade no Brasil com o nível de<br />
impacto estratégico na sociedade que vocês conseguiram alcançar aqui”, disseram-nos, de<br />
comum acor<strong>do</strong>, em ocasiões distintas. Daí em diante, comecei a desejar expandir meu programa<br />
de televisão, Jesus, esperança das gerações, para toda a nação. De repente, já estávamos<br />
alcançan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o nordeste e já tínhamos patrocina<strong>do</strong>res locais. Aí então vieram convites para<br />
conferências e grandes ajuntamentos em estádios, praças e ginásios de esportes por to<strong>do</strong> o Brasil.<br />
No início de 1979 eu já não parava em Manaus. E para piorar as coisas, fui convida<strong>do</strong> a falar<br />
naquele que seria o maior evento evangélico interdenominacional da história <strong>do</strong> Brasil, o Geração<br />
79. Meu papel naquele congresso era secundário, mas duas coisas fundamentais<br />
aconteceram-me ali. A primeira foi que pude conhecer os principais líderes evangélicos <strong>do</strong> Brasil,<br />
ali no Centro de Convenções <strong>do</strong> Anhembi, onde ficamos reuni<strong>do</strong>s por uma semana. A outra foi<br />
que preguei para grupos menores, de quinhentas pessoas — ao to<strong>do</strong> havia quatro mil jovens<br />
reuni<strong>do</strong>s ali —, o que fez correr pelo lugar a informação de que eu me comunicava com<br />
facilidade. Logo, ali mesmo comecei a receber convites de to<strong>do</strong> o Brasil para pregar.<br />
O primeiro que aceitei foi para uma Igreja Presbiteriana em Taguatinga, Distrito Federal.<br />
Cheguei numa quarta-feira à tarde e deveria ficar até <strong>do</strong>mingo à noite. Mas durante aqueles dias<br />
houve um impacto tão grande da mensagem que eu pregava sobre o povo, que a programação<br />
precisou ser estendida. Naqueles dias, cheguei a iniciar cultos às cinco da manhã, enquanto a<br />
multidão se comprimia no templo de mil lugares para ouvir a Palavra. Houve de tu<strong>do</strong> ali.<br />
Quan<strong>do</strong> o arrocho da convicção <strong>do</strong> Espírito Santo caiu sobre a turma, os tumores da igreja<br />
foram espremi<strong>do</strong>s. Era gente casada que cantava baixo no coral levan<strong>do</strong> para a cama a soprano;<br />
era líder leigo confessan<strong>do</strong> que estava transan<strong>do</strong> com as gatinhas da comunidade, eram <strong>pastor</strong>es<br />
revelan<strong>do</strong> suas frustrações ministeriais e, sobretu<strong>do</strong>, eram milhares os que vinham orar comigo<br />
carrega<strong>do</strong>s de <strong>do</strong>res e culpas sem fim. Fiquei ali todas as noites até uma e meia da madrugada<br />
atenden<strong>do</strong> gente numa fila que não acabava nunca. E como o meu senti<strong>do</strong> de inadequação ante às<br />
responsabilidades que sobre mim começavam a avolumar-se era grande demais, jejuava o tempo<br />
to<strong>do</strong>. Somente às duas da manhã é que comia alguma coisa, de prefêrencia uma sopinha, em<br />
companhia <strong>do</strong> reveren<strong>do</strong> Adail San<strong>do</strong>val, <strong>pastor</strong> da igreja.<br />
O <strong>do</strong>mingo foi adrenalina pura. Comecei às cinco da madrugada e fui até às seis da tarde sem<br />
parar. Haveria um intervalo de uma hora para eu tomar um banho e me deitar na cama de costas<br />
por alguns minutos, para então voltar para a reunião das 19 horas. Triste ilusão. Quan<strong>do</strong> íamos<br />
entran<strong>do</strong> em casa o telefone tocou. Era uma mãe em desespero, pedin<strong>do</strong> para que eu fosse até a<br />
casa dela com urgência, pois seu filho estava possesso de demônios, quebran<strong>do</strong> tu<strong>do</strong>. Relutei<br />
quanto a ir, tão grande era o meu cansaço. Mas não houve jeito, e tive de ir até lá.<br />
Quan<strong>do</strong> chegamos, vi que a coisa era muito pior <strong>do</strong> que pensara. Afrânio era um rapaz de uns<br />
24 anos, alto, espadaú<strong>do</strong>, forte, de cabeleira cheia e olhos profun<strong>do</strong>s. A força que ele demonstrava<br />
possuir era enorme. E pior: a situação já saíra <strong>do</strong> âmbito da casa e fora para o meio da rua. Uma<br />
multidão estava olhan<strong>do</strong> o moço quebrar coisas e falar com voz alterada palavras que eram ditadas<br />
pelos demônios. Ao me ver foi logo partin<strong>do</strong> para cima de mim a fim de me agredir. “Senhor, me<br />
ajuda. Dá-me poder espiritual e também permite que ele fique livre, logo”, orei em minha mente.