You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
“Os menores entram para assistir aula e saem levan<strong>do</strong> os papelotes.” — Jornal <strong>do</strong><br />
Brasil, 25/11/95<br />
“Esse fato é muito grave e tem que ser apura<strong>do</strong> rapidamente, e o responsável, se for<br />
comprovada alguma coisa contra ele, tem que ser imediatamente retira<strong>do</strong> da direção <strong>do</strong><br />
Viva Rio.” — Jornal <strong>do</strong> Brasil, 25/11/95<br />
“Desde a visita <strong>do</strong> presidente Fernan<strong>do</strong> Henrique que já se sabia. Perguntei ao<br />
Marcello como ele ia levar o presidente lá. Ficou preocupa<strong>do</strong>. A polícia e o governa<strong>do</strong>r já<br />
sabiam há algum tempo. Estavam só esperan<strong>do</strong> a hora certa de agir.” — Jornal <strong>do</strong> Brasil,<br />
25/11/95, fazen<strong>do</strong> referência à conversa na qual ele, Marcello e <strong>do</strong>m Eugênio Salles,<br />
arcebispo <strong>do</strong> Rio, teriam trata<strong>do</strong> <strong>do</strong> assunto.<br />
“O quê? To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> em Acari sabe. Até os cachorros, gatos e Aedes aegypts.” —<br />
Jornal <strong>do</strong> Brasil, 25/11/95, responden<strong>do</strong> de onde vinham as informações que ele dizia<br />
possuir.<br />
“O hipotético envolvimento das pessoas ligadas à Fábrica com o tráfico deve ser<br />
investiga<strong>do</strong> e prova<strong>do</strong>. A polícia já sabia de tu<strong>do</strong>. Havia pessoas infiltradas investigan<strong>do</strong> a<br />
instituição.” — O Dia, 27/11/96<br />
Que o governa<strong>do</strong>r me atacasse, eu podia entender. Mas o prefeito não tinha razão para isso.<br />
Para ser franco, os ataques de César Maia me <strong>do</strong>eram na alma muito mais <strong>do</strong> que os de Marcello<br />
Alencar, pois eu o respeitava muito mais como administra<strong>do</strong>r público e como político com amplas<br />
condições de se projetar em nível nacional. Tê-lo contra nós, e sem maiores explicações,<br />
deixou-me arrasa<strong>do</strong>. Respondi a algumas de suas “alfinetadas”, mas tentei me distanciar <strong>do</strong><br />
confronto com ele. Além <strong>do</strong> mais, entre aqueles que trabalhavam na equipe <strong>do</strong> prefeito havia<br />
gente que eu respeitava pela competência e por afinidade.<br />
— Não sei o que deu no prefeito. Estou estranhan<strong>do</strong> a atitude dele. Mas pode ter certeza de<br />
uma coisa: o César é um cara bom. Se ele perceber que está erra<strong>do</strong>, vai mudar de posição. Ele não<br />
é <strong>do</strong> tipo que guarda ressentimento e não é vingativo. Mas o Marcello é vingativo. Não tenha<br />
muita esperança de se reaproximar dele nunca mais — disse-me um político da cidade com livre<br />
trânsito entre o prefeito e o governa<strong>do</strong>r.<br />
Alda estava de viagem marcada para a Flórida para o dia 24 de novembro. Ela iria encontrar<br />
uma casa para que nós pudéssemos dar seqüência ao nosso plano de passar 1996 e 1997 com os<br />
filhos mais novos nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s.<br />
— Desculpa amor, mas não vou de jeito nenhum — disse ela.<br />
— Que nada. O pior já passou. Daqui pra frente é só administrar a situação. Vá em paz. Se<br />
acontecer qualquer coisa diferente, eu aviso a você — eu disse a ela, saben<strong>do</strong>, entretanto, que a<br />
estava enganan<strong>do</strong>. O pior ainda estava por vir, e eu sabia disso. O problema é que eu conhecia o<br />
senti<strong>do</strong> de justiça de minha esposa e não queria que ela morresse de raiva ven<strong>do</strong> todas as<br />
perversidades que contra nós ainda seriam praticadas nos próximos dias.<br />
Ela foi à Flórida para um perío<strong>do</strong> de nove dias com a promessa de que se algo diferente<br />
acontecesse eu a avisaria. Tive de enganá-la to<strong>do</strong>s aqueles dias.<br />
— <strong>Caio</strong>, como estão as coisas? — ela me perguntava.<br />
— Estão se arruman<strong>do</strong>. Não se preocupe que está tu<strong>do</strong> em paz — dizia a cada noite, depois<br />
de um dia pior que o outro.<br />
Durante cerca de dez dias o assunto mais palpitante na cidade foi o caso da guerra entre o<br />
governa<strong>do</strong>r e o <strong>pastor</strong>. E para animar o debate, não faltavam rádios, televisões e jornais. Se eu<br />
fosse um forte candidato a algum cargo público de expressão, poderia até conseguir entender<br />
aquela “atitude” <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r contra mim. Mas aquele não era o caso. No meio de to<strong>do</strong> aquele