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Confissões do pastor - Caio Fábio

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Capítulo 31<br />

“Senhor, Deus da verdade, acaso, para Te agradar, basta ter conhecimento? Infeliz<br />

<strong>do</strong> homem que, ten<strong>do</strong> conhecimento de todas as coisas, Te ignora; mas feliz de<br />

quem Te conhece, mesmo que ignore todas as demais coisas. Quanto ao que é<br />

cheio de conhecimento e ainda também Te conhece, não é mais feliz por causa de<br />

sua ciência, mas só é feliz por Ti, se, conhecen<strong>do</strong>-Te, Te glorificar como Deus, e<br />

Te der graças, e não se desvanecer em seus pensamentos.”<br />

Santo Agostinho, <strong>Confissões</strong><br />

Dois meses depois da ordenação, eu estava em casa uma manhã, quan<strong>do</strong> vi um homem<br />

grandalhão entran<strong>do</strong> pelo portão.<br />

— Irmão <strong>Caio</strong>. Eu tenho um convite a lhe fazer em nome <strong>do</strong> Instituto Lingüístico. O irmão<br />

aceita ir pregar para a tribo <strong>do</strong>s yscarianas na fronteira <strong>do</strong> Amazonas com o Pará, no rio<br />

Nhamundá? — foi logo falan<strong>do</strong> com objetividade o missionário americano Pedro Peter, assim<br />

chama<strong>do</strong> na intimidade pelos jovens de nossa igreja.<br />

Fiquei tão entusiasma<strong>do</strong> com a idéia, que nem pedi tempo para pensar.<br />

— Vou sim! Quan<strong>do</strong> é? — foi só o que perguntei.<br />

— Na semana que vem. E você vai ter que ficar lá uma semana. Tá bom? — ele indagou.<br />

O problema é que Alda estava no final <strong>do</strong> sétimo mês de gravidez. Com os pais longe <strong>do</strong><br />

Brasil, o pai da Alda estava servin<strong>do</strong> como adi<strong>do</strong> naval e aeronáutico em Portugal e na Espanha, a<br />

minha ausência de casa a abalava profundamente. Assim mesmo eu disse ao missionário que iria.<br />

— Mas logo agora, <strong>Caio</strong>! E se o menino nascer? Eu não estou me sentin<strong>do</strong> bem. Há uma<br />

pressão muito forte na minha barriga — ela ponderou, enquanto eu simplificava tu<strong>do</strong> de um jeito<br />

clássico e bem masculino.<br />

— Não se preocupe, querida. Vai dar tu<strong>do</strong> certo.<br />

Quan<strong>do</strong> pousamos naquele aviãozinho Lake anfíbio bem no meio das águas <strong>do</strong> rio<br />

Nhamundá, não fizemos isso sem risco. A clareira de árvores que dava acesso à flor d’água <strong>do</strong> rio<br />

não era larga e, por isso, não permitia nenhuma margem de erro por parte <strong>do</strong> piloto. Mas Daniel,<br />

o piloto adventista que nos levou até lá, parecia saber muito bem o que estava fazen<strong>do</strong>, e<br />

conseguimos pousar sem problemas.<br />

Uma canoa de casco de tronco de árvore veio nos buscar. A visão que tive, já desde o interior<br />

<strong>do</strong> casquinho, ven<strong>do</strong> a multidão de índios na beira <strong>do</strong> rio, foi completamente única. Não sabia que<br />

a somente duas horas e meia de avião de minha casa havia uma comunidade tão primitiva como

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