23.04.2013 Views

Confissões do pastor - Caio Fábio

Confissões do pastor - Caio Fábio

Confissões do pastor - Caio Fábio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Capítulo 12<br />

“Eu desejo me recordar de minha maldade passada e de toda a minha corrupção<br />

carnal não porque eu ame ou me orgulhe de tais memórias, mas exclusivamente<br />

para que eu possa amar mais a Ti, meu Deus. É, portanto, por amor a Ti que eu<br />

realizo este ato de lembrança.”<br />

Santo Agostinho, <strong>Confissões</strong><br />

No início foi muito bom, mas logo comecei a achar que a conversão de papai estava in<strong>do</strong><br />

longe demais. Ele estava fican<strong>do</strong> fanático. Não parava de ler a Bíblia e parecia ter esqueci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

problemas que tivera com o sexo oposto, pois mesmo nos anos de seu relacionamento com<br />

Simone, tentava se mostrar rigoroso comigo em questões como namoro e coisas <strong>do</strong> gênero.<br />

Fingia que não sabia o que eu andava fazen<strong>do</strong> com as meninas: beijan<strong>do</strong> uma aqui, amassan<strong>do</strong><br />

outra ali, namoran<strong>do</strong> rapidamente uma outra acolá, mas quan<strong>do</strong> ficava saben<strong>do</strong>, sempre dava uma<br />

de moralista, tipo: “Você só namorará com a minha autorização.” Obviamente, não funcionava.<br />

Entre os 12 e os 14 anos de idade eu brinquei ativa e precocemente de namoradinho com as<br />

garotinhas que apareciam disponíveis na rua, na escola e até na igreja.<br />

Ele também era muito rigoroso com outras questões, como cigarro e bebida. Mas eu pensava<br />

de mo<strong>do</strong> diferente. Achava cigarro algo lin<strong>do</strong>, profundamente decorativo e que dava à pessoa um<br />

tremen<strong>do</strong> ar de maturidade. Aos 12 anos, dei minha primeira tragada num Continental sem filtro<br />

e quase morri. Fiquei tonto, meu corpo começou a formigar e caí na calçada da casa de um amigo<br />

gritan<strong>do</strong> desespera<strong>do</strong> que eu estava morren<strong>do</strong>. Sobrevivi ao susto. Um mês depois, refeito das<br />

más lembranças da experiência e seduzi<strong>do</strong> pelo status que o cigarro dava entre as meninas,<br />

resolvi tentar <strong>do</strong>mar aquele bicho. Não foi difícil. Um mês depois eu já não me sentia mal<br />

fuman<strong>do</strong>. Mas papai dizia que, se soubesse de qualquer coisa, me daria uma surra de cinturão.<br />

Na igreja conheci uma menina <strong>do</strong>is anos mais nova que eu, chamada Fernandinha, e me<br />

apaixonei por ela. Era o retorno emocional da Margarida. A coisa veio com uma força enorme e<br />

quase me nocauteou. Mas aquele sentimento juvenil não era forte o suficiente para me afastar de<br />

outras aventuras. Eu dizia: “Não procuro outras, mas também não fujo da raia se aparecer dan<strong>do</strong><br />

sopa.” E foi assim que um dia papai chegou em casa com um compadre de Manaus e sua filha,<br />

uma morena de rosto extremamente delica<strong>do</strong> e cabelos de índia, eu botei os olhos na garota e me<br />

alucinei, especialmente porque seus lábios eram um irresistível convite ao beijo saboroso.<br />

Aquele foi meu primeiro conflito explícito sobre a força da traição que existe dentro <strong>do</strong>s seres<br />

humanos. Eu gostava da Fernandinha e não desejava fazer qualquer coisa que a magoasse. Mas<br />

olhan<strong>do</strong> aquela garota, sua faceirice, o mover sedutor de seu corpo de 16 anos de idade e aqueles

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!