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Confissões do pastor - Caio Fábio

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Barros.<br />

Seu Barros era cliente de papai e lhe devia alguns honorários por um trabalho já executa<strong>do</strong>.<br />

Como àquela altura papai já tinha mais quatro colegas advogan<strong>do</strong> com ele, ficava difícil<br />

simplesmente per<strong>do</strong>ar as dívidas <strong>do</strong>s clientes negligentes no pagamento. Quan<strong>do</strong> dependia só<br />

dele, em geral dispensava os que não pagavam. Mas quan<strong>do</strong> envolvia os outros companheiros, ele<br />

tinha de insistir no pagamento. Seu Barros era um desses cujo dinheiro seria reparti<strong>do</strong> entre os<br />

advoga<strong>do</strong>s. Mas o homem não pagava, não atendia aos telefonemas e não dava notícias.<br />

Um dia, depois de muito esperar, papai resolveu ir à loja <strong>do</strong> homem, no bairro de Santa Rosa,<br />

em Niterói. Ao chegar lá, assistiu a uma cena chocante. Seu Barros, traspassa<strong>do</strong> de <strong>do</strong>r e agonia,<br />

chorava desconsola<strong>do</strong> em sua sala de trabalho.<br />

— O que está acontecen<strong>do</strong>, meu amigo? — perguntou meu pai quan<strong>do</strong> entrou. O homem<br />

apenas exclamava que era uma tragédia.<br />

— Mas que tragédia? Conte-me — pediu ao homem descontrola<strong>do</strong>.<br />

— É meu filho, <strong>do</strong>utor, meu único filho — foi só o que pôde dizer antes de mergulhar no<br />

pranto outra vez.<br />

Após alguns minutos, seu Barros conseguiu contar que seu filho tinha acaba<strong>do</strong> de ter um <strong>do</strong>s<br />

olhos perfura<strong>do</strong>s por uma bala de ar comprimi<strong>do</strong> e que em duas horas o seu globo ocular seria<br />

removi<strong>do</strong>. E caiu no choro outra vez.<br />

Papai ficou ali, cala<strong>do</strong>, ouvin<strong>do</strong> o homem derramar a sua <strong>do</strong>r e frustração. Foi só depois de<br />

algum silêncio que ousou falar.<br />

— Seu Barros, eu creio em Deus. Eu O conheço e sei que Ele me conhece. Eu não sei o que<br />

Deus tem a dizer sobre a sua situação. Mas uma coisa eu sei: Ele é solidário. Também não sei se<br />

Ele vai curar o seu filho. Mas uma coisa eu sei: Ele pode curar o seu filho. O senhor me permitiria<br />

falar com Deus agora mesmo sobre essa situação? — perguntou. Seu Barros apenas sacudiu a<br />

cabeça em aprovação, não esboçan<strong>do</strong> nada além de um resigna<strong>do</strong> consentimento.<br />

“Jesus, sei que Tu podes tu<strong>do</strong>. Tu fizeste os olhos, por isso Tu podes curá-los. Por isso, se<br />

Tu queres alguém com fé para que Tu operes um milagre, então conta com a minha fé. Eu não<br />

duvi<strong>do</strong> que Tu podes fazer isto — disse meu pai ajoelha<strong>do</strong>. Em seguida, levantou-se e saiu.<br />

Alguns dias depois, papai voltou à loja <strong>do</strong> cliente. Ao chegar, encontrou um clima de<br />

celebração. Seu Barros não parava de rir.<br />

— Não contaram ao senhor o que aconteceu? — foi logo perguntan<strong>do</strong>. Como papai não<br />

soubesse de nada, ele prosseguiu dizen<strong>do</strong> que naquele dia saíra dali e fora para o hospital, onde<br />

viu o filho passan<strong>do</strong> para a sala de operações. O médico, na intenção de consolá-lo, disse que<br />

existiam próteses muito boas, quase perfeitas, e que o olho <strong>do</strong> garoto seria esteticamente<br />

recomposto. Seu Barros ficou choran<strong>do</strong> no corre<strong>do</strong>r, quan<strong>do</strong>, subitamente, viu o médico sair<br />

páli<strong>do</strong> da sala de operações, gritan<strong>do</strong>: “Eu não sei quem é o seu Deus meu senhor, mas o nome<br />

dele deve ser ‘O To<strong>do</strong>-poderoso’. O olho de seu filho está normal. Eu tirei o tampão e não havia<br />

nada. Não pode ser. Eu mesmo tinha examina<strong>do</strong> o rapaz. Tem de ser milagre.” E o médico<br />

sacudia seu Barros, assustan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong> hospital. — Foi isso, <strong>do</strong>utor <strong>Caio</strong>. Seu<br />

Deus é vivo e faz milagres. Que maravilha!<br />

Naqueles dias, entretanto, um sentimento de desconforto começou a tomar conta de meu<br />

pai. Havia uma voz sussurran<strong>do</strong> em sua alma uma ordem que ele não sabia qual era. Chamou<br />

mamãe e pediu para ser deixa<strong>do</strong> sozinho em casa durante um fim de semana. Precisava orar e<br />

jejuar a fim de discernir “o que a voz tentava lhe dizer”.<br />

Trancou-se em casa e dedicou-se à leitura bíblica e às preces. À noite teve uma visão. O céu<br />

se abria e ele via o horizonte toma<strong>do</strong> pela Glória de Deus. Eram cores, matizes e formas<br />

inimagináveis. Miríades de seres espalhavam-se entre o céu e a terra. Jesus parecia ser a pessoa

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