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Confissões do pastor - Caio Fábio

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A jaqueira estava matizada pelo nascer <strong>do</strong> sol. Estava linda. Divina. Minha alma se encheu de<br />

alegria. Ajoelhei-me ali e falei com o Cria<strong>do</strong>r. Pedi que Ele enviasse um anjo até a casa de<br />

Rosinal<strong>do</strong>, pois sabia que ele saíra <strong>do</strong> hospital na noite anterior.<br />

Foi a mais extraordinária oração que já fiz na vida. Fechei os olhos e vi o rapaz deita<strong>do</strong> em sua<br />

cama, <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>. Então, como que em minha imaginação, entrei nos sonhos dele. Pedi a Jesus<br />

para fazê-lo sonhar com o texto de Mateus 7: os <strong>do</strong>is caminhos — o largo que conduz à morte e o<br />

estreito que conduz à vida. Depois, pedi ao Senhor que lhe mostrasse os obstáculos que ele<br />

enfrentaria se quisesse andar com Cristo e que desafiasse meu amigo a continuar, apesar de<br />

tu<strong>do</strong>. A seguir, roguei ao Espírito de Jesus que fizesse Rosinal<strong>do</strong> perceber o conforto e a paz de<br />

repousar nas águas de descanso que estão à nossa disposição em Deus.<br />

Fiquei sobre os meus joelhos até às sete horas da manhã. Quan<strong>do</strong> Alda acor<strong>do</strong>u, eu já estava<br />

me preparan<strong>do</strong> para sair.<br />

— Onde você vai? — perguntou-me ela.<br />

— Vou ver o que Deus fez na vida <strong>do</strong> Rosinal<strong>do</strong> — respondi.<br />

Quan<strong>do</strong> cheguei à casa dele, para minha surpresa, fui informa<strong>do</strong> que ele saíra de casa às sete<br />

da manhã e que fora para a TV Educativa, onde, agora, trabalhava como diretor de programação e<br />

arte.<br />

Corri até lá.<br />

— Shepard, bom dia. Algo inacreditável aconteceu comigo — falou assim que me viu.<br />

— Foi um sonho, não foi? — perguntei.<br />

— Como é que você sabe? — indagou surpreso.<br />

— Quer que eu conte ou você conta? — devolvi com absoluta certeza. — Você sonhou com<br />

<strong>do</strong>is caminhos, com obstáculos, com um convite de Cristo e com águas de descanso, não foi? —<br />

perguntei como se estivesse contan<strong>do</strong> um filme.<br />

Os olhos dele se encheram de lágrimas. Nós <strong>do</strong>is sabíamos que havíamos esta<strong>do</strong> dentro de<br />

uma conspiração divina de amor e que nossas vidas mudariam depois disso. Não que daí para a<br />

frente algo sobrenatural viesse a nos fazer viver numa outra dimensão, suspensa sobre as<br />

ambigüidades de nossas existências eivadas de relatividade. Mas acontecesse o que acontecesse<br />

conosco no futuro, nós poderíamos saber que o divino nos tocara e nos conectara de um mo<strong>do</strong><br />

especial. O Espírito Santo fizera-me visitar os sonhos dele e me deixara, naquela madrugada,<br />

assumir um papel de condutor de seus desejos na direção de Cristo.<br />

Rosinal<strong>do</strong> jamais se tornou um evangélico, porém nunca mais, depois daquela madrugada,<br />

conseguiu ser o mesmo. Eu também, dali para a frente, aprendi a força conspiratória que existe<br />

na oração objetiva e apaixonada.<br />

“Graças a Deus esse poder não está à disposição de gente mal-intencionada. Há outros<br />

poderes que agem em gente má. Este aqui só está disponível em Cristo e para o bem <strong>do</strong><br />

próximo”, pensei muitas vezes, choca<strong>do</strong> com o que acontecera.<br />

A vida continuou e minhas viagens também. Era tanta viagem, que Alda e eu começamos a<br />

achar que não dava mais para continuar moran<strong>do</strong> no Amazonas. O duro, entretanto, era deixar o<br />

convívio <strong>do</strong>s pais, da igreja, da cidade e <strong>do</strong>s cheiros <strong>do</strong> Amazonas.<br />

A reflexão era sobre que decisão haveríamos de tomar: se ficaríamos em Manaus ou<br />

mudaríamos para o Rio de Janeiro. Em meio a isso, aconteceu algo que me assentou o sentimento<br />

de que nossa eventual saída de terra natal poderia estar ten<strong>do</strong> repercussões no mun<strong>do</strong> espiritual.<br />

Naquelas bandas <strong>do</strong> Brasil, era comum quem tinha carro ir almoçar em casa com a família.<br />

Assim, eu sempre saía da Vinde aí pelo meio-dia e só retornava às duas da tarde, depois de uma<br />

gostosa refeição e uma sonequinha de 15 minutos. Num daqueles dias, voltava para o escritório<br />

em companhia de Heral<strong>do</strong> Rocha, um funcionário de nossa organização que me ajudava na

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