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Confissões do pastor - Caio Fábio

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Capítulo 40<br />

“Bastava-me, pois, este argumento contra aqueles homens para lançá-los<br />

completamente de meu peito angustia<strong>do</strong>, porque, sentin<strong>do</strong> e dizen<strong>do</strong> de Ti tais<br />

coisas, não tinham outra saída que um horrível sacrilégio de coração e de língua.”<br />

Santo Agostinho, <strong>Confissões</strong><br />

No final de 1992, a campanha pelo impeachment <strong>do</strong> presidente Collor agitava as ruas e os<br />

meios de comunicação. Como contribuição ao debate no meio evangélico, e na intenção de dar<br />

base teológica para aqueles que gostariam de subverter um governo acusa<strong>do</strong> de corrupção, mas<br />

que não tinham coragem de se insurgir contra a autoridade constituída por temor de que isso<br />

fosse contrário à Bíblia, escrevi em seis dias — e publiquei em 15 — o livro A Bíblia e o<br />

impeachment. Vendemos duas edições em menos de um mês.<br />

Desde o início a AEVB havia toma<strong>do</strong> posição clara pelo impeachment de Collor, caso as<br />

acusações fossem comprovadas ou mesmo se o presidente não conseguisse se explicar à nação.<br />

Nossa tese era que ele não poderia governar sob tão terrível suspeição, independentemente de<br />

ser ou não culpa<strong>do</strong>.<br />

— Ei, <strong>Caio</strong>. Olha, você precisa me ajudar. Você tem que parar de falar sobre impeachment —<br />

disse-me Laprovita ao telefone, a propósito de um comercial de meu livro que havia si<strong>do</strong><br />

censura<strong>do</strong> dentro de meu próprio horário compra<strong>do</strong> na TV Record.<br />

— Por que foi que vocês cortaram o comercial de meu livro, Laprovita? — perguntei.<br />

— Olha, nós estamos numa situação difícil. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> quer pegar a gente. E se a gente<br />

falar em impeachment pode ficar ruim pra nós — respondeu o deputa<strong>do</strong> da Universal.<br />

— Mas Laprovita, o horário é compra<strong>do</strong>. Basta vocês dizerem que não assumem<br />

responsabilidade pelo que é dito naquele horário, como acontece no mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong> — respondi.<br />

— Não dá. A gente fez um acerto com o Collor. Olha, num dá nem pra acreditar. Ele man<strong>do</strong>u<br />

chamar “aquela pessoa”, sabe? O Didi veio de Nova York e ele man<strong>do</strong>u nos pegar num jatinho.<br />

Depois, fomos de helicóptero encontrar o homem. É um macumbeiro. Tá cheio de demônio. Mas<br />

tem poder. Falou pra “aquela pessoa” que se nós puséssemos o povo na rua contra o<br />

impeachment, se não falássemos no assunto na Record e se fizéssemos os evangélicos ficarem<br />

cala<strong>do</strong>s, incluin<strong>do</strong> a Associação Evangélica e os deputa<strong>do</strong>s crentes no Congresso, teríamos tu<strong>do</strong> o<br />

que pedíssemos — disse-me Laprovita com um tom de voz ofegante.<br />

— Escuta, você não tem me<strong>do</strong> que essa conversa esteja sen<strong>do</strong> gravada? — perguntei.<br />

— Que se dane. Se estiverem gravan<strong>do</strong>, que gravem. Se quiser contar, pode contar também<br />

— respondeu ele com irritação.

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