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Confissões do pastor - Caio Fábio

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Capítulo 35<br />

“Mas o verdadeiro motivo de eu sair de Cartago e ir para Roma só tu, ó Deus, o<br />

sabias, mas não o indicaste nem a mim nem à minha mãe, que chorou atrozmente<br />

minha partida, seguin<strong>do</strong>-me até ao mar.”<br />

Santo Agostinho, <strong>Confissões</strong><br />

— Papai, não sei como lhe dizer, mas estou pensan<strong>do</strong> seriamente em sair de Manaus e<br />

voltar para o Rio. Estou viajan<strong>do</strong> muito e acho que não está certo ficar tanto tempo longe de casa e<br />

da igreja. Não posso criar meus filhos longe de mim e Alda não vai suportar a situação por muito<br />

tempo. As distâncias são longas, por isso em cada viagem eu me ausento por muitos dias. Acho<br />

que Deus está me dizen<strong>do</strong> que devo sair daqui — disse a ele, enquanto aquele velho biquinho de<br />

constrangimento se formava em sua boca. — O que o senhor acha? — perguntei.<br />

— Eu acho ridículo. Acho um absur<strong>do</strong>. Mas que autoridade eu tenho para falar de atitudes e<br />

decisões ridículas e absurdas? Eu também tomei decisões ridículas um monte de vezes. Mesmo o<br />

fato de ter volta<strong>do</strong> para o Amazonas como <strong>pastor</strong>, a fim de viver como eu vivo, foi uma loucura.<br />

Então, filho, eu não quero que você vá. Mas se você for, que Deus abençoe a sua decisão —<br />

disse-me com duas grossas lágrimas rolan<strong>do</strong> pelo seu rosto.<br />

A decisão de sair de lá era, todavia, dificílima. Alda e eu oramos muito buscan<strong>do</strong> ouvir a voz de<br />

Deus.<br />

— Eu só saio daqui se Deus me falar de mo<strong>do</strong> audível — foi o que eu disse a Alda. — Vou<br />

pedir a papai para não falar com ninguém sobre o assunto. Vou pedir a Deus que fale com as<br />

pessoas e diga a elas que nós devemos ir daqui — combinei com minha esposa. — Quero três<br />

sinais. O primeiro é o de ir ao Rio e conseguir dinheiro, em apenas trinta telefonemas, para botar<br />

nosso programa de TV no ar. O outro é o nosso sustento financeiro como família, já que eu não<br />

ganho nada da Vinde. E o último é a comunicação de Deus com nossos amigos, falan<strong>do</strong>-lhes<br />

sobre nossa saída.<br />

Os <strong>do</strong>is primeiros sinais foram rápi<strong>do</strong>s. Vim ao Rio, fiz as trinta ligações telefônicas para<br />

velhos amigos, e na vigésima sétima já tinha o dinheiro to<strong>do</strong> para pagar ao SBT pelo espaço de<br />

<strong>do</strong>mingo, às oito da manhã, que eles nos venderam. Conversei com meu amigo, o reveren<strong>do</strong><br />

Antônio Elias, e ele me chamou para vir sucedê-lo à frente da igreja de minha a<strong>do</strong>lescência, a<br />

Igreja Betânia, em São Francisco, Niterói. Mas e o último sinal? Esse não dependia de mim, mas<br />

de Deus falar ao inconsciente coletivo. Dei duas semanas de prazo para o Espírito Santo fazer<br />

aquele comunica<strong>do</strong>. Caso contrário, eu não sairia <strong>do</strong> Amazonas.<br />

Nas duas semanas seguintes, eu ouviria uma sucessão de narrativas de sonhos, visões,

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