23.04.2013 Views

Confissões do pastor - Caio Fábio

Confissões do pastor - Caio Fábio

Confissões do pastor - Caio Fábio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— Pode mandar preparar o contrato de comodato que eu assino. As condições, seu advoga<strong>do</strong><br />

pode estabelecer que eu aceito — falei.<br />

Alípio e os irmãos Seibel não apenas nos entregaram a propriedade num comodato sem custo<br />

para nós, como ainda se dispuseram a reconstruir o prédio central, que fora to<strong>do</strong> destruí<strong>do</strong> pelo<br />

fogo. Puseram to<strong>do</strong> o seguro <strong>do</strong> incêndio na reconstrução da estrutura, e Alípio ainda tirou <strong>do</strong><br />

próprio bolso e investiu na complementação da obra. Ao to<strong>do</strong>, foram gastos um milhão e<br />

oitocentos mil dólares.<br />

Um milagre!<br />

Para aquele primeiro momento de assentamento das bases da cidade de refúgio, eu precisava<br />

de uma pessoa de confiança. Por isso, chamei Lídia Mello, que já trabalhara comigo durante<br />

cerca de oito anos e agora estava de volta à Vinde.<br />

A notícia de que eu havia ganha<strong>do</strong> a Formiplac de presente espalhou-se como um incêndio<br />

em depósito de pólvora. A mídia correu em cima. To<strong>do</strong>s queriam saber o que faríamos ali.<br />

“Cidade de refúgio é um bom conceito, mas não é um bom nome. Isso aqui não é uma cidade.<br />

É uma fábrica, pensei.” Fui para a esquina lateral da fábrica, de onde ainda se podia ver as letras<br />

de aço escova<strong>do</strong> com o nome Formiplac, e fiquei contan<strong>do</strong> as letras. “Qualquer que seja o nome,<br />

é bom que se utilizem letras já existentes. Nessa dureza que nós estamos não podemos gastar<br />

dinheiro à toa”, ponderei outra vez. “Como isso aqui é uma fábrica e nós vamos criar melhores<br />

condições de vida para as pessoas, e consideran<strong>do</strong> as letras de aço de Formiplac, podemos<br />

chamar o empreendimento de Fábrica de Esperança” — concluí sozinho, em pé na esquina da<br />

favela de Acari.<br />

— Olha, o nome que vamos usar é Fábrica de Esperança — falei aos que trabalhavam<br />

comigo.<br />

— Mas não era bom a gente fazer um brainstorm — sugeriu alguém.<br />

— Desculpem, mas agora é a hora de meu <strong>do</strong>ce despotismo se manifestar. O assunto não<br />

está mais aberto para discussão. Já registrei o nome no banco de logos e patentes de meu coração.<br />

Não tem mais volta — falei e tomei todas as providências para que nosso empreendimento social<br />

fosse conheci<strong>do</strong> com aquele nome.<br />

Os meses seguintes foram de muitas visitas a presidentes de multinacionais, a fim de<br />

convencê-los a entrar no projeto da Fábrica de Esperança conosco. A Xerox foi a primeira a<br />

aderir, e com o capital moral que ela nos “emprestou”, aju<strong>do</strong>u-nos imensamente a atrair outros<br />

parceiros.<br />

Minha agenda pessoal, no entanto, estava mais louca <strong>do</strong> que nunca. Continuava viajan<strong>do</strong> para<br />

pregar em to<strong>do</strong> o Brasil semanalmente, dirigia empreendimentos que cresciam, presidia<br />

entidades que demandavam tempo para articulações diversas, estava mais que envolvi<strong>do</strong> nos<br />

assuntos de natureza social da cidade, despendia tempo com as várias situações que a amizade<br />

<strong>pastor</strong>al com Nilo foram também crian<strong>do</strong> e, ainda, de quebra, me comprometera a visitar Bangu I<br />

pelo menos uma vez a cada 15 dias.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!