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gente de fibra tinha ti<strong>do</strong> a coragem de brigar contra coisas e pessoas maiores e mais fortes. Agora,<br />
entretanto, esse espírito de compromisso was gone with the winds. Eu, contu<strong>do</strong>, aprendera com<br />
papai e com a Bíblia que, por princípios, fica-se e luta-se contra os adversários, mesmo que eles<br />
sejam até mais fortes <strong>do</strong> que você.<br />
— Olha, eu vou. Não tenho me<strong>do</strong> de combate desde que tenha certeza de que a verdade está<br />
<strong>do</strong> meu la<strong>do</strong>. Se eu morasse lá em Israel nos dias de Davi, quan<strong>do</strong> ele lutou contra o gigante<br />
Golias, não teria si<strong>do</strong> tão fácil para Davi como foi. Eu e ele iríamos disputar no “palitinho” o<br />
privilégio de ir enfrentar o gigante. Se vocês me disserem que eu estou erra<strong>do</strong>, eu não vou. Mas se<br />
tu<strong>do</strong> o que vocês tiverem para me dizer for esse blablablá de sobrevivência e de não se queimar,<br />
me per<strong>do</strong>em: eu vou morrer algum dia e prefiro que seja por uma boa causa <strong>do</strong> que por uma que<br />
não exalte a verdadeira fé — declarei para muita gente naquele dia.<br />
A coletiva à imprensa aconteceu e a maior parte da mídia <strong>do</strong> país estava lá naquela tarde de<br />
inverno de 1995.<br />
— O senhor não tem me<strong>do</strong> de estar lutan<strong>do</strong> contra gente muito mais forte que o senhor?<br />
Eles têm poder para infernizar sua vida se quiserem. O senhor está com me<strong>do</strong>? — indagou o<br />
repórter <strong>do</strong> jornal da Bandeirantes.<br />
Respondi que não e fui para casa alivia<strong>do</strong>. Agora, o Brasil to<strong>do</strong>, e não somente o Rio de<br />
Janeiro, saberia que a posição <strong>do</strong>s evangélicos não era a de Mace<strong>do</strong>.<br />
Triste ilusão a minha. Ven<strong>do</strong> que não poderiam nos enfrentar à altura da cabeça, partiram<br />
para o golpe baixo. Começaram os ataques cada vez mais pessoais contra a minha pessoa. O que<br />
me espantava era a incapacidade que tinham de responder numa boa, sem partir para a<br />
ignorância. Além disso, alguns fanáticos de lá começaram a me fazer ameaças por telefone.<br />
— Nós vamos te pegar, seu desgraça<strong>do</strong> — dizia um aviso.<br />
— Quem avisa amigo é. Diz pra ele que a gente ainda vai destruí-lo — falou um outro.<br />
— Ou ele se cala ou a gente cala ele — ouvimos ainda.<br />
Diante de tu<strong>do</strong> aquilo, minha esposa perdeu completamente a paz. A situação ficou tão grave,<br />
que num daqueles dias ela me disse, em meio a muita angústia, que desejava apressar sua<br />
temporada com nossos filhos mais novos fora <strong>do</strong> Brasil.<br />
— Olha, <strong>Caio</strong>. Eu sou fiel a você até a morte, mas não quero viver assim.<br />
— Por que a gente não passa um tempo nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s? Você fica lá direto, se restaura,<br />
enquanto eu posso ficar lá e aqui: sete dias lá e 12 aqui no Brasil. O que você acha? — sugeri. Alda<br />
aceitou.<br />
Uma semana depois <strong>do</strong> Manifesto da AEVB, veio a carta aberta da Universal. Dizem os<br />
entendi<strong>do</strong>s que a tal carta teria si<strong>do</strong> redigida pelo <strong>pastor</strong> Silas Malafaia e autenticada pelos bispos<br />
de Mace<strong>do</strong>. Não posso afirmar, mas foi o que correu pelo meio evangélico, ainda que isto não seja<br />
importante para o desfecho <strong>do</strong>s fatos. Eu estava em Foz <strong>do</strong> Iguaçu, no congresso Vinde para<br />
<strong>pastor</strong>es, quan<strong>do</strong> Fernan<strong>do</strong> Molica, então repórter da Folha de São Paulo, me telefonou<br />
perguntan<strong>do</strong> o que eu tinha a declarar.<br />
— Eu não sei <strong>do</strong> que você está falan<strong>do</strong> — afirmei com ar de perplexidade.<br />
— Bem, há uma carta assinada pelos principais líderes da Universal e alguns <strong>pastor</strong>es <strong>do</strong> Rio<br />
e de Minas Gerais. A surpresa é o nome <strong>do</strong> Fanini. O que deu nele? Ele é batista e assinou o<br />
<strong>do</strong>cumento. O que o senhor tem a dizer? Pedi tempo para ler a tal carta aberta e então dar uma<br />
resposta. Mal acabei de falar com Molica e já havia várias cópias da carta chegan<strong>do</strong> ao fax <strong>do</strong> hotel.<br />
Além disso, amigos de to<strong>do</strong> o Brasil começaram a telefonar empenhan<strong>do</strong> solidariedade.<br />
Li o texto e fiquei sem saber o que sentir. Primeiro deu raiva. Afinal, nós havíamos sempre<br />
trata<strong>do</strong> o assunto no nível da reflexão, e eles o haviam trazi<strong>do</strong> para um plano absolutamente<br />
pessoal. Mas depois que li o texto pela segunda vez, me deu vontade de rir. O material era tão