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Confissões do pastor - Caio Fábio

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Capítulo 43<br />

“Encontrei Alípio em Roma, onde se uniu a mim com estreito vínculo de<br />

amizade... Também ficou provada sua integridade não só contra os atrativos da<br />

cobiça, mas também contra o aguilhão <strong>do</strong> me<strong>do</strong>.”<br />

Santo Agostinho, <strong>Confissões</strong><br />

O movimento Viva Rio foi cria<strong>do</strong> no segun<strong>do</strong> semestre de 1993 com a finalidade declarada<br />

de ser um agente social aberto, suprapartidário e cidadão. No início, ajudei a iniciativa apenas<br />

porque me pareceu interessante e, sobretu<strong>do</strong>, por causa de minha amizade com Rubem César<br />

Fernandes, um <strong>do</strong>s idealiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> projeto, mas foi somente em 1994 que me tornei mais<br />

próximo da coordenação <strong>do</strong> movimento.<br />

Como de costume, passei o mês de janeiro fora <strong>do</strong> Brasil, nas montanhas de Connecticut, nos<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, onde Rose, irmã de Alda, mora com o mari<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> retornei em fevereiro,<br />

Alípio Gusmão informou-me que poderíamos nos encontrar com seus sócios judeus e a diretoria<br />

da empresa nos próximos dias, a fim de conversarmos sobre a fábrica de Acari.<br />

O sonho — profecia <strong>do</strong> homem desconheci<strong>do</strong> — estava se cumprin<strong>do</strong>. Afinal, ele dissera:<br />

“Antes de fevereiro o senhor vai estar em volta de uma mesa com alguns judeus.” Assim, fui a São<br />

Paulo para a reunião da esperança!<br />

Além de Alípio e eu, estavam presentes à reunião <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s sócios judeus, Salo Seibel e seu<br />

irmão Hélio; além de João, irmão de Alípio; Kalil, o advoga<strong>do</strong>, e outras pessoas que eu não<br />

conhecia.<br />

— Bom gente, eu convidei o <strong>pastor</strong> aqui porque ele tem uma proposta a nos fazer — disse<br />

Alípio, passan<strong>do</strong>-me a palavra.<br />

— Eu conheci a fábrica que vocês têm em Acari e constatei que está situada num lugar ideal<br />

para se transformar no maior projeto social não-governamental <strong>do</strong> Brasil — falei e fui<br />

distribuin<strong>do</strong> cópias <strong>do</strong> projeto que minha amiga Dilma D’Avila havia prepara<strong>do</strong>, com gráficos da<br />

população, faixas etárias, necessidades, oferta de escolas, déficit educacional, número de<br />

empresas na região, e quantidade de desemprega<strong>do</strong>s etc. — São 18 favelas em volta e um <strong>do</strong>s<br />

tráficos de drogas mais bem arma<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Rio. Dá para transformar a fábrica numa cidade de<br />

refúgio. Já ouviram falar em cidade de refúgio? — perguntei olhan<strong>do</strong> para o Dr. Salo.<br />

— Não, o que é isso? — ele indagou.<br />

— É uma idéia social que um <strong>do</strong>s patrícios <strong>do</strong> senhor desenvolveu. É um lugar para onde<br />

fogem to<strong>do</strong>s os que derramaram sangue involuntariamente, os que estão sob a ameaça <strong>do</strong><br />

vinga<strong>do</strong>r, e to<strong>do</strong>s os que praticaram pequenos crimes, mas que querem uma chance de

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