Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

lareira. A refeição era bastante frugal.<br />
-Você diz coisas duras somente para a Natsu. Antes disso,<br />
você devia falar para Kyûsaku e Kenta ajudarem mais. Eles<br />
estão indo à escola, mas não aprendem nada e brincam o dia<br />
inteiro. Você os mima demais.<br />
Enquanto defendia Natsu, Yosaku tomava a papa de grãos,<br />
mastigando o nabo em conserva. Kane não se rebaixava só<br />
porque o marido havia ralhado com ela.<br />
- Eles têm pais que trabalham. Nós estamos trabalhando<br />
muito mais do que os outros para dar de comer aos meninos.<br />
Por isso, eles não precisam trabalhar. Mas não pretendo<br />
trabalhar para dar de comer à filha de um cunhado. Nossos<br />
filhos e Natsu são diferentes.<br />
Ao recordar os dias repletos de amargura de 70 anos atrás,<br />
Natsu Yamabe, hoje presidente da Indústria de Doces Hokuô,<br />
sentiu-se sufocada.<br />
Quantas lágrimas de humilhação havia derramado por<br />
causa da violência das palavras de Kane. Dias e meses<br />
passavam sem que houvesse qualquer notícia dos pais e<br />
irmãos que estavam no Brasil. Depois do falecimento de<br />
Nobu, Natsu foi ficando cada vez mais solitária.<br />
Desde que lera a carta de Haru, começara a relembrar o<br />
que havia afastado da sua memória. Embora estivesse<br />
recostada tranqüilamente na cadeira de presidente, vestindo<br />
um conjunto feito sob medida, levando uma vida confortável<br />
e dedicada ao trabalho, era possível evocar a imagem de sua<br />
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