Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

infância, em que o choro era uma constante.<br />
- Que megera era essa sua tia de Hokkaido!<br />
Yamato sentiu que podia perdoar um pouco a atitude fria<br />
de Natsu com a avó, que, após longos anos, tinha vindo<br />
especialmente do Brasil para encontrá-la. Realmente, podia<br />
imaginar como seu cotidiano deveria ser uma tortura e o que<br />
ela sentira ao saber que não existia outra alternativa a não ser<br />
voltar para Hokkaido, apesar de ter certeza de que seria<br />
maltratada.<br />
- Quando nós estávamos em Hokkaido, fomos muito<br />
maltratadas pela tia e pelos primos. Mas isso é até<br />
compreensível. Num estado de miséria absoluta, sem ter o<br />
que comer, não há como ser amável. Até pessoas tranqüilas<br />
se transformam. Quando estávamos em Hokkaido, ainda que<br />
nossos pais estivessem junto conosco, éramos maltratadas.<br />
Depois que fomos para o Brasil deixando Natsu sozinha,<br />
posso imaginar como ela foi tratada.<br />
Haru se lembrava muito bem do temperamento ríspido<br />
de Kane. Natsu, com certeza, devia ter ficado abalada, menina<br />
dócil que era, sem ninguém para protegê-la. Havia apenas as<br />
cartas de Haru, como a última esperança para fortalecer o<br />
coração de Natsu, dando-lhe a certeza de que não estava<br />
sozinha.<br />
Haru, entretanto, não conseguia entender onde foram parar<br />
as muitas cartas que foram enviadas. Era até compreensível<br />
se o desaparecimento tivesse ocorrido numa área de<br />
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