Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

- Se possível, gostaria de comprar terras. Quero fazer uma<br />
lavoura na minha terra e cultivar o que eu quiser. Preciso que a<br />
minha filha me ajude no trabalho e, portanto não poderá trabalhar<br />
na sua lavoura. Agradeço muito, mas...<br />
- Entendi. Quanto à aquisição da terra, vamos cuidar logo.<br />
Como nos encontraremos hoje à noite, por ora, descansem.<br />
Quando Ryuta foi embora, Chüji encarou suas costas, e sequer<br />
saiu para acompanhá-lo.<br />
Haru irritou-se com a atitude do pai:<br />
-Não é falta de educação? Ele está falando pelo nosso bem...<br />
- Quem ele pensa que é querendo mandar em nós? Faça<br />
isso, faça aquilo... É claro que lhe sou grato portemos ajudado.<br />
Mas não há motivo para recebermos ordens ou sermos<br />
explorados por eles. Se comprarmos nossa terra e fizermos uma<br />
lavoura seremos iguais, ainda que tenhamos chegado depois. Não<br />
há motivo para eles estarem com ar de superioridade.<br />
- Papai, por que você está bravo?<br />
- Que negocio é esse de que devemos falar em português,<br />
mesmo entre os japoneses, quando estivermos fora dessa vila?<br />
Não importa o país onde estamos. Nós somos japoneses. Que<br />
mal há em falarmos japonês? De fato, estamos no Brasil, vivendo<br />
neste país. Mas não devemos nada aos brasileiros e nem ao Brasil.<br />
Os japoneses desbravaram essa terra árida, que, largada, não<br />
prestaria para nada. E hoje, colhem-se ótimos produtos.<br />
Deveríamos ser agradecidos pelo Brasil, ao invés de abaixarmos<br />
a cabeça.<br />
-Não tem jeito, afinal, estamos em guerra.<br />
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