Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

vivia, sozinha, nesta terra. Acho que vocês não podem<br />
compreender o meu sentimento, esperando, dia após dia, a<br />
chegada de uma notícia do Brasil.<br />
- Mas, é verdade. Eu escrevi. Sempre continuei a enviar<br />
cartas à casa do tio de Hokkaido, com quem você foi deixada.<br />
Você é que não me mandou respostas. Por isso mesmo é que<br />
continuei a mandar cartas e mais cartas. Não é possível que<br />
você não as tenha recebido.<br />
- Como eu iria receber cartas que não foram enviadas?<br />
Mesmo assim, eu continuei a escrever para vocês. Como não<br />
tinha dinheiro para selos, cheguei a roubar do tio que cuidava<br />
de mim para poder mandar as cartas. Mesmo assim, não recebi<br />
respostas.<br />
- Natsu, é verdade que você nos escreveu?<br />
- Não adianta fingir que não recebeu. As cartas não<br />
voltaram.<br />
Os olhares das irmãs se cruzaram.<br />
Cada uma alegava que enviara cartas para outra. Nenhuma<br />
das duas recebera uma só carta. Naquela época, o Japão e o<br />
Brasil eram países muito distantes, mas pelo relato das irmãs,<br />
tinha havido, ao que parecia, idas e vindas de cartas.<br />
Se Natsu não recebera as cartas que Haru escrevera, ela<br />
ficara, simplesmente, à espera dos familiares que foram para<br />
o Brasil, sem saber que tipo de vida eles levavam ou porquê<br />
não conseguiram voltar para o Japão.<br />
Por outro lado, Natsu não tinha meios de saber do<br />
sofrimento e do dilema enfrentados por Haru, que não podia<br />
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