Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

Para Kane, Haru era uma sobrinha insolente e incômoda.<br />
- As crianças são felizes. Nem imaginam a vida que as<br />
espera... - disse Yozo, pasmo com a batalha verbal entre a tia<br />
e a sobrinha, como querendo apartá-las.<br />
E então, Chüji deu a última palavra a Yozo:<br />
- Olha, pode ser que não seja fácil trabalhar em fazenda<br />
de café. Porém, não quer dizer que vamos morar<br />
definitivamente no Brasil. É um trabalho de decasségui, com<br />
previsão de volta em três anos. Não vamos dramatizar as<br />
coisas. Mesmo vocês dois, Yozo e Kiyo, se não ganharem<br />
dinheiro no Brasil, nem filhos poderão ter.<br />
Ouvindo falar de filhos, Kiyo, esposa de Yozo cutucou o<br />
marido num misto de sentimento de constrangimento e<br />
alegria:<br />
- Querido, Chûji tem razão.<br />
Na época, o governo japonês adotava como política<br />
emigratória, o envio de japoneses para o Brasil. Tratava-se<br />
de uma medida para fazer face ao aumento de desemprego<br />
devido à recessão.<br />
E para a maioria dos japoneses que decidiram emigrar,<br />
este era o último meio para sair da pobreza. Era uma questão<br />
de vida ou morte. Ir como decasségui para o Brasil era a forma<br />
de conseguir obter um certo montante de dinheiro e com isso<br />
levar uma vida decente no Japão, uma vida na qual se pudesse<br />
alimentar os filhos com fartura...<br />
Tratava-se de um desejo trivial, mas era o sonho da<br />
maioria dos japoneses que iam para o Brasil. Muitos eram<br />
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