Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

ficado lá. - disse Yozo, entrando na conversa.<br />
- Em Hokkaido, não tínhamos nem o que comer no dia a<br />
dia! Aqui, pelo menos, podemos comer feijão e arroz.<br />
- Só que as compras se transformam em dívidas na venda.<br />
- No Japão, nem dívida podíamos contrair. Aqui,<br />
podemos comprar na venda sem ter dinheiro. Não morremos<br />
de fome. Quando a colheita de café terminar, vamos receber<br />
o salário e poderemos quitar a dívida da venda. E aqui<br />
podemos trabalhar o ano inteiro. Trabalhando, se recebe. Se<br />
você ficar reclamando que é duro, que é difícil, será castigado<br />
pelos céus.<br />
Ecoa pela fazenda o badalar tranqüilo do sino.<br />
- É hora do almoço.<br />
Shigeru e Minoru abriram a tampa da panela que Shizu e<br />
Kiyo haviam deixado no fogo. Os dois se entreolharam e<br />
logo devolveram a tampa no lugar. A fisionomia de Shigeru<br />
era de desgosto.<br />
- Feijão e mandioca de novo?<br />
Mandioca era uma raiz produzida no Brasil, e feijão, uma<br />
das espécies de kuromame. Os japoneses daquela época não<br />
tinham o costume de fritar batata com óleo, e por isso, na<br />
maioria das vezes, só cozinhavam junto com o feijão, como<br />
fazia Shizu.<br />
- À noite, vou cozinhar arroz sempre que puder. Por isso,<br />
tenham paciência no almoço.<br />
- Não seja exigente. Na verdade, precisamos juntar o<br />
máximo de dinheiro, inclusive podíamos ficar sem almoço,<br />
- 138 -