Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

- Quem falou que o Brasil era um paraíso? Fomos enganados!<br />
Chûji sabia que não apenas o filho, mas todos tinham queixas<br />
e descontentamentos.<br />
- Trabalhando, vamos receber. Aqui é diferente de<br />
Hokkaido, onde o inverno é longo. Dá para trabalhar o ano<br />
inteiro. Temos que comer duas vezes ao dia, ao invés de três,<br />
para juntar dinheiro e voltar logo ao Japão.<br />
- Mas a nossa porção do cafezal é a mais distante e é<br />
duro ir até lá e voltar. Além do mais, os nossos pés de café<br />
estão ruins. Só tem metade dos frutos de outros pés.<br />
Devido ao incidente com o capataz, a paciência de Yozo<br />
já estava no limite. Ainda que fossem colonos, os japoneses,<br />
de uma forma geral, recebiam um tratamento discriminado<br />
em comparação aos colonos provenientes da Europa, como<br />
os italianos, espanhóis, portugueses e outros. A desigualdade<br />
era patente, tanto em termos de localização dos pés de café<br />
como em volume de frutos do café. Ainda que levassem em<br />
consideração o fato de que os japoneses eram novatos, a<br />
situação era demais.<br />
- Mesmo que a gente trabalhe com todas as nossas forças,<br />
vamos colher a metade dos outros. Ou seja, a nossa renda<br />
também será a metade. Não existe injustiça maior! Você tem<br />
que reclamar, mano!<br />
- Não tem jeito se nos foi destinado um local com uma<br />
safra pobre. Se reclamarmos, vão nos mandar embora. O sr.<br />
Kurita me advertiu sobre isso.<br />
Yozo se calou, com fisionomia ressentida e Chûji<br />
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