Haru e Natsu - Imigrantesjaponeses.com.br

saímos às seis horas para o trabalho. Depois, trabalhamos o<br />
dia inteiro debaixo de um sol escaldante, voltando para casa<br />
às seis, seis e meia... Não comemos nada que preste, nem<br />
fazemos nada que seja divertido. Voltando do serviço, todo<br />
mundo está tão cansado que só quer dormir. Vivemos só para<br />
o trabalho e no fim, sobram dívidas? Afinal, o que viemos<br />
fazer no Brasil?<br />
- Não adianta chorar sobre o leite derramado. Ninguém<br />
tem culpa. Tivemos azar por causa da queda no preço do<br />
café. Se estivéssemos em Hokkaido estaríamos numa situação<br />
em que a única saída seria o suicídio coletivo. Como viemos<br />
para o Brasil, toda a família está sobrevivendo. Não estou<br />
nem um pouco arrependido. Talvez, na próxima temporada,<br />
o preço do café suba. Faremos o possível para não comprar<br />
na venda. - Chûji falava para toda a família.<br />
- Não se preocupem. No Brasil, plantando, tudo cresce.<br />
Ampliando a minha horta e plantando arroz, ao menos teremos<br />
o suficiente para a família. Teremos receita em dinheiro, se<br />
vendermos as verduras. Se nos tornarmos auto-suficientes<br />
como a família Kurita, poderemos guardar todo o salário. Os<br />
adultos terão que se dedicar ao trabalho do cafezal, como<br />
colonos. Por isso, da horta cuido eu. - disse Haru, sem perder<br />
as esperanças.<br />
Haru não conhecia outra vida se não a da pobreza e na<br />
sua maneira pura de viver, aceitava as condições adversas,<br />
arranjando-se melhor do que os adultos. Essas atitudes<br />
demonstravam sua firmeza de caráter e sua facilidade de<br />
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