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As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

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CAPÍTULO 03 – É O LOCAL, ESTÚPIDO!<br />

Já é bastante conheci<strong>da</strong> a história <strong>da</strong> expressão que marcou as eleições de 1992 entre<br />

Bill Clinton e George Bush e que inspira o título desse capítulo. A frase It’s the economy,<br />

stupid!, usa<strong>da</strong> pelo estrategista político <strong>da</strong> campanha democrata, James Carville, referia-se à<br />

ideia de que, em última instância, os eleitores se preocupam com o seu bem-estar e com a<br />

situação econômica do país na hora de escolher seus representantes. O pleito de 1992 estava<br />

praticamente garantido para os republicanos, já que o governo Bush ia bem em termos<br />

políticos - a que<strong>da</strong> do Muro de Berlim e, principalmente, a vitoriosa empreita<strong>da</strong> <strong>da</strong> Guerra do<br />

Golfo trouxeram grandes dividen<strong>dos</strong> ao então presidente; no entanto, a recessão que <strong>da</strong>va<br />

indícios de fortalecimento e os índices preocupantes de desemprego foram fun<strong>da</strong>mentais para<br />

que o até então pouco conhecido ex-governador do Arkansas se tornasse o 42º presidente <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>.<br />

A expressão não muito poli<strong>da</strong>, desde então, teve grande força, tanto no debate<br />

eleitoral presidencial quanto nas discussões políticas americanas em geral. Ela se tornou lugar<br />

comum e foi repeti<strong>da</strong> inúmeras vezes com uma série de versões, que incluíam termos<br />

diferentes entre as palavras “it’s the” e “stupid” – inclusive a inversão it’s the politics, stupid!<br />

para tratar de temas tão diversos como a crise <strong>da</strong> zona do Euro ou os contenciosos nucleares.<br />

Dizem os manuais de boa re<strong>da</strong>ção que se deve, sempre que possível, fugir <strong>dos</strong> lugares<br />

comuns, mas essa regra não foi respeita<strong>da</strong> para o título deste capítulo. Faz-se coro às repeti<strong>da</strong>s<br />

paráfrases para imprimir a ideia do possível paradoxo de se encontrar a resposta para um<br />

fenômeno internacional justamente no local.<br />

Entre as muitas possíveis explicações para a atuação transnacional <strong>dos</strong> governos<br />

<strong>locais</strong> brasileiros, retiraram-se do modelo aquelas que poderiam caracterizá-la como<br />

fenômeno <strong>da</strong>s Relações Internacionais. De fato, este trabalho poderia muito bem se encaixar<br />

em uma literatura de Ciência Política porque trabalha a princípio com um conteúdo,<br />

essencialmente, doméstico: a presença de determinado tipo de burocracia nas administrações<br />

públicas municipais brasileiras (apesar dessa divisão entre campos de estudo nem sempre ser<br />

clara, e às vezes nem importante). O que faz do presente trabalho, contudo, apto àquele campo<br />

é o objetivo de tal burocracia, responsável pela atuação transnacional do governo local.<br />

Vinculou-se a decisão <strong>da</strong> administração municipal a um movimento mais amplo, do fenômeno<br />

<strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>, mas até aí as variáveis externas foram despreza<strong>da</strong>s. A peculiari<strong>da</strong>de do<br />

estudo está justamente nessa nova abor<strong>da</strong>gem, <strong>da</strong>do que os estu<strong>dos</strong> até então existentes<br />

tentavam trabalhar a atuação paradiplomática unicamente por meio de fatores globais ou <strong>da</strong><br />

política nacional compara<strong>da</strong> (LECOURS, 2008).<br />

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