As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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Elas passam, assim, a serem exerci<strong>da</strong>s por novos agentes disponíveis ou, muitas vezes, mais<br />
aptos. Com influência de Ernest Haas e sua linha weberiana racional-burocrata (RUGGIE et<br />
al.,2005), o neofuncionalismo aplicado à integração regional apresentou instituições e outros<br />
agentes presentes na socie<strong>da</strong>de como capazes de ser protagonistas <strong>da</strong>s relações internacionais.<br />
A corrente se aproxima bastante do Construtivismo ao reconhecer fatores ideacionais, além<br />
<strong>dos</strong> materiais, nas análises, mais especificamente na formação de interesses <strong>dos</strong> indivíduos<br />
por meio de valores.<br />
A perspectiva de Haas poderia ser na<strong>da</strong> criativa se não fosse desenvolvi<strong>da</strong> no final <strong>da</strong><br />
déca<strong>da</strong> de 1950. Nessa época, o autor posicionava-se radicalmente contra a posição realista,<br />
predominante desde o final <strong>da</strong> Segun<strong>da</strong> Guerra, com o aporte vigoroso de Carr (2002). O<br />
arcabouço neofuncionalista utilizado pelos estudiosos <strong>dos</strong> governos subnacionais busca<br />
enfatizar o pragmatismo dessa atuação internacional, pois são suas novas funções (condições)<br />
“pós-transbor<strong>da</strong>mento” as grandes responsáveis por se lançarem ao exterior (MARIANO,<br />
2002).<br />
Em estu<strong>dos</strong> mais recentes, as correntes globalistas foram as que mais preencheram as<br />
páginas teóricas <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>. Com o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> corrente interdependista, os<br />
teóricos <strong>da</strong> globalização detalharam as ideias de governança global, transnacionali<strong>da</strong>de,<br />
tecnologia <strong>da</strong> informação e, principalmente para o presente estudo, a descentralização do<br />
poder, que nas linhas teóricas predominantes residia no monopólio do Estado e era<br />
diretamente ligado ao uso <strong>da</strong> força. Esses argumentos elevam a condição <strong>da</strong> economia global<br />
com fluxos transnacionais densos e com trocas de conhecimento fortaleci<strong>da</strong>s, tanto em termos<br />
tecnológicos quanto culturais. Nessa perspectiva, o mundo atual é caracterizado pela<br />
multipolari<strong>da</strong>de e o uso <strong>da</strong> força é um recurso de poder relativamente menos relevante.<br />
Ain<strong>da</strong> nesse panorama, a lógica do tempo e do espaço é subverti<strong>da</strong>, as distâncias,<br />
com o avanço <strong>dos</strong> meios de transportes, ficam menores e a agili<strong>da</strong>de nos contatos é forneci<strong>da</strong><br />
por satélites e cabos de fibra ótica, que possibilitam que as redes sociais, os blogs, a televisão,<br />
o rádio e os celulares sirvam de instrumentos facilitadores do contato entre diferentes<br />
socie<strong>da</strong>des. Ademais, a preocupação com a segurança, apesar de ain<strong>da</strong> existente, é<br />
segmenta<strong>da</strong> em outros temas globais de relevância, como comércio, sistema financeiro,<br />
Direitos Humanos e mu<strong>da</strong>nças climáticas. Ganham importância também novas formas de<br />
interações transnacionais em assuntos até então pouco recorrentes, como terrorismo,<br />
epidemias, eventos climáticos extremos e narcotráfico.<br />
Para os globalistas, os atores não-estatais são ca<strong>da</strong> vez mais importantes, tanto do<br />
ponto de vista factual quanto, e obviamente, <strong>da</strong>s análises teóricas. Movimentos sociais,<br />
empresas multinacionais, grupos terroristas, parti<strong>dos</strong> políticos, ONGs, regimes internacionais,<br />
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