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As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

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não assimilava essa ideia, porque a relação com o exterior era monopólio <strong>da</strong> União. Os governadores têm<br />

agora essa função e alguns prefeitos também (CARDOSO apud RODRIGUES, 2004, p.452).<br />

O governo federal sob Lula, apesar <strong>da</strong>s menciona<strong>da</strong>s especifici<strong>da</strong>des presentes na<br />

burocracia <strong>da</strong>s relações exteriores, não esteve alheio ao adensamento <strong>da</strong> atuação <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> e<br />

<strong>municípios</strong>. Pode-se afirmar que houve, por parte <strong>da</strong> União, tentativas de remediar esse déficit<br />

institucional. Isso pode ser verificado desde o governo do PSDB, com a criação em 1997 <strong>da</strong><br />

<strong>As</strong>sessoria de Relações Federativas (ARF), mas que se manteve no governo seguinte com<br />

outra nomenclatura, a <strong>As</strong>sessoria de <strong>As</strong>suntos Federativos e Parlamentares no Ministério <strong>da</strong>s<br />

Relações Exteriores (AFEPA/MRE) (NUNES, 2005, RODRIGUES, 2006, SALOMÓN,<br />

2011).<br />

Tanto a ARF coordenou quanto a AFEPA coordena os escritórios regionais do MRE,<br />

em número de oito atualmente (SALOMÓN, 2011). Durante o governo Lula a assessoria<br />

assumiu também a relação com os parlamentares. Apesar disso, a AFEPA tem pouco poder de<br />

controle sobre os atores subnacionais. Isso ocorre, em grande parte, pela falta de recursos de<br />

pessoal e de orçamento para esse tipo de acompanhamento.<br />

Em tempos recentes, e em decorrência do exposto, algumas opiniões vin<strong>da</strong>s do<br />

Itamaraty não defendem o controle <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des paradiplomáticas por meio de um<br />

argumento de autori<strong>da</strong>de sobre a política externa, senão pela percepção de que a consulta ou a<br />

prestação de contas à Chancelaria evitaria problemas futuros para os próprios governos<br />

estaduais e municipais. O argumento é o de que o Ministério só é acionado quando surgem<br />

problemas nas ativi<strong>da</strong>des paralelas e que isso poderia ser evitado se soubessem de antemão<br />

<strong>da</strong>s iniciativas <strong>locais</strong>. Essa visão é, no mínimo, curiosa, já que o Itamaraty não tem a mínima<br />

ciência sobre as outras centenas ou milhares de iniciativas que são exitosas e, portanto, não<br />

requerem a intervenção do MRE.<br />

Polêmicas à parte, o que se percebe atualmente no país é uma política delibera<strong>da</strong> de<br />

delegação de responsabili<strong>da</strong>des devido à complexi<strong>da</strong>de de temas referentes aos interesses<br />

<strong>locais</strong> e <strong>da</strong>s regiões fronteiriças. “Os governos centrais têm-se defrontado amiúde com<br />

insuficientes recursos, conhecimentos e flexibili<strong>da</strong>de para <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong>quelas reali<strong>da</strong>des”<br />

(LESSA, 2002, p. 26).<br />

Da mesma forma, afirmam Vigevani e Prado (2009, p.3) que “a inserção <strong>da</strong>s<br />

uni<strong>da</strong>des subnacionais no cenário internacional está relaciona<strong>da</strong> à reestruturação <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong><br />

nacionais e às dificul<strong>da</strong>des enfrenta<strong>da</strong>s por eles para responder às deman<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s regiões”.<br />

Ademais, “em alguns <strong>caso</strong>s a ineficácia <strong>da</strong> centralização de parte do governo central<br />

possibilitou a emergência de mecanismos de descentralização que criaram oportuni<strong>da</strong>des para<br />

as instâncias regionais e <strong>locais</strong>”.<br />

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