As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ain<strong>da</strong> nesse contexto, Salomón (2009) crê que se considerar a diferenciação entre<br />
governo e governança de Rosenau poder-se-ia dizer que a política externa nacional é deriva<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s obrigações governamentais, as ações internacionais <strong>dos</strong> governos subnacionais, no<br />
entanto, surgem <strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong>des <strong>da</strong> governança. Os agentes <strong>locais</strong> têm mais liber<strong>da</strong>de<br />
sobre suas políticas, na medi<strong>da</strong> em que podem decidir se criam ou não suas estratégias<br />
externas, um corpo paradiplomático próprio e, se sim, qual sua estrutura governamental e<br />
como será sua construção e suas funções.<br />
Uma posição intermediária pode ser forneci<strong>da</strong> por Lecours e Moreno (2006).<br />
Segundo os autores, a <strong>paradiplomacia</strong> apresenta características tanto <strong>da</strong> política externa<br />
tradicional quanto <strong>da</strong> “transnacionali<strong>da</strong>de”. Ela seria um tipo distinto de conexão entre o<br />
doméstico e o internacional, em que as uni<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s teriam a fluidez <strong>dos</strong> movimentos<br />
transnacionais sem perder sua característica de composição do Estado e <strong>da</strong> sua natureza<br />
territorial-institucional.<br />
Os temas que envolvem outros atores do sistema internacional que não somente<br />
Esta<strong>dos</strong> nacionais, conforme ressaltado, suscitam quase que instantaneamente o debate<br />
Neorrealismo vs. Neoliberalismo Institucional, além de outros marcos teóricos <strong>da</strong>s Relações<br />
Internacionais, com destaque para o Neofuncionalismo. Contrariando essa tendência, serão<br />
feitas, neste trabalho, as discussões específicas <strong>da</strong> atuação internacional <strong>dos</strong> governos <strong>locais</strong>.<br />
Crê-se, diferentemente de Seitenfus (2004), que esse fenômeno já conta com um debate<br />
estruturado do ponto de vista teórico. A designação de <strong>paradiplomacia</strong> para o fenômeno, no<br />
entanto, não é a unânime. Muitos estudiosos propuseram nomes alternativos que,<br />
supostamente, se adequariam melhor aos eventos que analisam, outros também elaboraram<br />
críticas ao termo, mas sem maiores proposições.<br />
Primeiramente, segue-se uma discussão sobre a definição do conceito de<br />
<strong>paradiplomacia</strong>. Em um segundo momento, são apresenta<strong>da</strong>s as formas como a literatura tem<br />
tratado o tema em seus diversos vieses (de classificação, de estratégias de ação, de abor<strong>da</strong>gem<br />
jurídica, de soberania e de integração regional). Na terceira parte serão levanta<strong>da</strong>s algumas<br />
críticas e alternativas ao conceito. Na sessão seguinte distingue-se o fenômeno baseado em<br />
seus agentes, ou seja, far-se-á uma diferenciação entre a atuação transnacional de governos<br />
<strong>locais</strong> (no <strong>caso</strong> brasileiro, os <strong>municípios</strong>) e de governos regionais (esta<strong>dos</strong>). Na quinta e<br />
última parte, algumas discussões específicas sobre interesses na <strong>paradiplomacia</strong> serão<br />
apresenta<strong>da</strong>s e a ideia de <strong>determinantes</strong> é introduzi<strong>da</strong> (quais autores se dedicaram a esse<br />
tópico, quais suas linhas de pensamento e por que se optou pelo modelo de Sol<strong>da</strong>tos).<br />
31