16.04.2013 Views

As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

atuar internacionalmente, mais de 60% <strong>dos</strong> prefeitos responderam afirmativamente que sim,<br />

quando se pode ver que, na reali<strong>da</strong>de, menos de 2% atuam de forma estrutura<strong>da</strong>.<br />

Apesar dessa distinção parecer ser clara, muito autores <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> trataram<br />

interesses e <strong>determinantes</strong> como sinônimos ou levaram em consideração somente os primeiros<br />

para analisar o fenômeno. Michelmann (1990), Keating (2004) e Lecours (2004) são<br />

exemplos de autores dessa defesa. Os autores listaram quais os interesses que levam as elites<br />

<strong>locais</strong> a buscarem espaços na política internacional e concluíram de forma mais ou menos<br />

pareci<strong>da</strong> que se tratavam de razões de ordem econômica, política e cultural.<br />

O que diferencia essa visão <strong>da</strong> emprega<strong>da</strong> na análise de <strong>determinantes</strong> é o possível<br />

descolamento entre as motivações e as ver<strong>da</strong>deiras condições presentes na reali<strong>da</strong>de; existe,<br />

no entanto, relação entre essas duas vertentes. Enquanto alguns interesses dependem<br />

unicamente do sistema de crenças do governante local, outros têm motivações basea<strong>da</strong>s nas<br />

características objetivas encontra<strong>da</strong>s no local, no nacional e no global.<br />

A noção sobre <strong>determinantes</strong> vai além dessa discussão de interesses e quem melhor<br />

as retratou no campo teórico-conceitual foi Panayotis Sol<strong>da</strong>tos (1990). Ele baseou seu modelo<br />

na ideia de segmentação <strong>da</strong> política externa, um processo que pode ser horizontal, quando<br />

envolve departamentos de governo no mesmo nível federativo (os diversos ministérios), ou<br />

vertical, quando estão presentes atores em esferas federativas distintas (União, esta<strong>dos</strong> e<br />

<strong>municípios</strong>).<br />

A <strong>paradiplomacia</strong> se manifesta nesse segundo tipo de segmentação. O tipo vertical<br />

envolve um processo maior, que está relacionado, nessa ordem, com as segmentações<br />

objetivas, perceptivas, políticas e de atores. De forma simplifica<strong>da</strong>, esse rito contínuo ocorre<br />

com as condições objetivas diferencia<strong>da</strong>s de uma uni<strong>da</strong>de federa<strong>da</strong>, que são percebi<strong>da</strong>s por<br />

parte <strong>dos</strong> dirigentes <strong>locais</strong> e que, por sua vez, resolvem transformar essa percepção em uma<br />

atitude política. A partir <strong>da</strong>í, se essas políticas se exacerbarem, a ponto de as uni<strong>da</strong>des se<br />

verem como uni<strong>da</strong>des diferencia<strong>da</strong>s e capazes de atuar internacionalmente, elas dão início ao<br />

processo chamado de “muitas vozes na política externa”.<br />

A disposição <strong>da</strong>s <strong>determinantes</strong> basea<strong>da</strong>s na segmentação é, ao mesmo tempo,<br />

bastante complexa, porque trabalha com noções conceituais muito diversas, e completa, por<br />

combinar três níveis de análise explanatórios. Por isso esse foi o marco teórico escolhido por<br />

este estudo <strong>da</strong>s <strong>determinantes</strong> <strong>locais</strong> <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> no Brasil.<br />

Para responder a pergunta de pesquisa não foi necessário o modelo completo de<br />

Sol<strong>da</strong>tos. A pergunta (quais as <strong>determinantes</strong> <strong>locais</strong> <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> no Brasil?) implicava,<br />

antes de tudo, em entender quais as variáveis que diferenciaram os <strong>municípios</strong> brasileiros uns<br />

<strong>dos</strong> outros, de forma que representassem dois grupos, os com área internacional e os sem área<br />

250

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!