As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
about power”. Ou seja, o desenvolvimento de movimentos nacionalistas é produto de<br />
conflitos de poder entre grupos, em que elites <strong>locais</strong> e centrais buscam ter primazia pelo<br />
direito de falar legitimamente pela comuni<strong>da</strong>de. Nessa competição, o aspecto territorial é<br />
fun<strong>da</strong>mental, <strong>da</strong>do que “nationalist leaders need to structure mobilization in a way that<br />
transcends social cleavages and emphasizes a commonness linked to territory” (LECOURS,<br />
2007, p. 120).<br />
O poder <strong>dos</strong> líderes nacionalistas reside no nacionalismo como forma de política,<br />
mas, para isso, precisam de apoio popular. Geralmente ele ocorre com a capaci<strong>da</strong>de <strong>dos</strong><br />
líderes de converter em políticas e mu<strong>da</strong>nças institucionais as deman<strong>da</strong>s específicas <strong>da</strong> região,<br />
que geralmente são o reconhecimento de status diferenciado, a autonomia, a federalização ou<br />
a independência. É nesse aspecto que a mobilização político-territorial se relaciona com o<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> agência externa <strong>da</strong>s regiões.<br />
A tentativa de transpor para fora <strong>da</strong>s fronteiras nacionais a discussão de autonomia<br />
ou independência ameaça a própria existência do Estado (a política externa é entendi<strong>da</strong> como<br />
um <strong>dos</strong> últimos domínios reservado ao Estado). Nesse sentido, os governos centrais raramente<br />
aceitam essa ideia e tendem a rechaçar qualquer tipo de iniciativa que enverede para situações<br />
de maior poder relativo <strong>da</strong>s regiões externamente e que implique em sua situação doméstica.<br />
Em outras palavras,<br />
117<br />
paradiplomacy represents, in domestic politics, a statement about power. It can therefore be understood<br />
not only as the emergence of new actors on the international scene, but also as the most recent dimension<br />
of historical territorial conflicts whose most prominent and acute manifestation is nationalism<br />
(LECOURS, 2007, p. 121).<br />
<strong>As</strong>sim, a <strong>paradiplomacia</strong> está liga<strong>da</strong> à mobilização político-territorial não somente<br />
por representar variável adicional no conflito político e na luta pelo poder, que tende a prover<br />
mais artifícios a essa mobilização, mas porque pode servir como meio para se atingir<br />
objetivos domésticos. <strong>As</strong>sim, “A region that is very active internationally projects the notions<br />
of distinctiveness and autonomy in a way that may lower the degree of contention<br />
surrounding certain regional claims and demands” (LECOURS, 2007, p. 121).<br />
O que se quer apresentar com essa discussão de identi<strong>da</strong>de e de mobilização é a<br />
existência desse tipo especial de <strong>paradiplomacia</strong> que é calcado especificamente na noção de<br />
nacionalismo. Ela fortalece o argumento de Sol<strong>da</strong>tos quando é apresentado como<br />
determinante local <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> em seu modelo explanatório. Pode-se notá-lo no <strong>caso</strong><br />
descrito por Lecours do País Basco, mas os mesmos argumentos são ver<strong>da</strong>deiros para a