As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
epassar algumas ideias básicas, de forma que o modelo conceitual pudesse, sem per<strong>da</strong>s de<br />
informação, transformar-se em um modelo estatístico.<br />
A primeira delas foi apresentar brevemente a discussão conceitual sobre como a<br />
<strong>paradiplomacia</strong> se insere nas Relações Internacionais e como pode ser interpreta<strong>da</strong> à luz <strong>da</strong>s<br />
principais teorias desse campo de estudo. Apresentou-se a visão realista, que repele qualquer<br />
tipo de interpretação sobre a atuação de governos <strong>locais</strong> no sistema internacional, a<br />
contraparti<strong>da</strong> liberal-institucionalista e suas noções principais de atores múltiplos, agen<strong>da</strong><br />
internacional não hierarquiza<strong>da</strong> com fortalecimento de assuntos de low politics e com os<br />
múltiplos canais de interação e, por fim, a contribuição construtivista, especialmente quando o<br />
foco é as questões de cultura, de identi<strong>da</strong>de e de nacionali<strong>da</strong>de.<br />
A <strong>paradiplomacia</strong> possui também um arcabouço próprio e rico em conceitos. Para<br />
entender quais fatores levam à atuação internacional <strong>dos</strong> governos <strong>locais</strong> no Brasil foi crucial<br />
conhecer a fundo o objeto de estudo e isso pôde ser feito de diversas formas. Citaram-se<br />
algumas delas presentes na literatura, como a jurídica, a <strong>da</strong> integração regional, a de<br />
classificação, a <strong>da</strong>s estratégias e a <strong>da</strong> soberania. A escolha para introduzir o que é a<br />
<strong>paradiplomacia</strong>, no entanto, foi a <strong>da</strong> apresentação <strong>da</strong>s discussões acerca de seu conceito.<br />
Definiu-se o que se entende por <strong>paradiplomacia</strong> e foram apresenta<strong>da</strong>s as críticas presentes na<br />
literatura. Algumas apontavam apenas a inadequação do termo, que faziam muitas referências<br />
à atuação <strong>dos</strong> governos centrais; outras fizeram sugestões de quais termos seriam mais<br />
adequa<strong>dos</strong> para exprimir o fenômeno, como política externa federativa, microdiplomacia e<br />
diplomacia multicama<strong>da</strong>.<br />
Essas sugestões são feitas com o intuito de representar, de forma mais fiel, o<br />
fenômeno, direcionado à atuação de esta<strong>dos</strong>, <strong>municípios</strong>, regiões autônomas, cantões, ou<br />
departamentos, indiscrimina<strong>da</strong>mente. Há também na literatura discussões sobre o perfil que a<br />
<strong>paradiplomacia</strong> assume quando os atores envolvi<strong>dos</strong> são representantes de níeis distintos de<br />
governo. De forma específica, existe uma distinção entre a atuação de governos <strong>locais</strong> e<br />
regionais. O primeiro, que foi o foco do estudo, segue uma lógica mais dinâmica e<br />
pragmática, enquanto que a segun<strong>da</strong> se formaliza em moldes mais próximos do Estado nação,<br />
abrindo escritórios de representação e desenvolvendo relações bilaterais.<br />
A atuação <strong>dos</strong> governos <strong>locais</strong> é diferencia<strong>da</strong> e possui <strong>determinantes</strong> específicas.<br />
Essas <strong>determinantes</strong> não podem ser confundi<strong>da</strong>s com interesses, mas de certa forma eles estão<br />
relaciona<strong>dos</strong>. Os interesses, muitas vezes, independem <strong>da</strong>s condições políticas, econômicas ou<br />
sociais encontra<strong>da</strong>s nas reali<strong>da</strong>des <strong>locais</strong>. A decisão de se criar a área internacional basea<strong>da</strong><br />
somente em interesses pode não ser sustentável ou nem mesmo vir a ocorrer. Foi citado o<br />
estudo <strong>da</strong> Confederação Nacional de Municípios, em que, questiona<strong>dos</strong> sobre o interesse de<br />
249