As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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determinado. Considerações políticas (que não necessariamente são interesses políticos)<br />
atuam no papel maior <strong>da</strong>s decisões e <strong>da</strong>s estratégias.<br />
Há estu<strong>dos</strong> brasileiros que tratam especificamente o <strong>caso</strong> do país. Para Vigevani<br />
(2006), dimensão fun<strong>da</strong>mental para entender os interesses <strong>da</strong>s enti<strong>da</strong>des subnacionais no<br />
Brasil é a do desenvolvimento. A preocupação <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des e esta<strong>dos</strong> com o mundo exterior<br />
ocorreu a partir do momento em que eles passaram a ser vistos como agentes do<br />
desenvolvimento econômico. A preocupação pelo welfare também despertou maior atenção a<br />
políticas volta<strong>da</strong>s ao exterior. O interesse pelo desenvolvimento repercutiu nas áreas em que<br />
as enti<strong>da</strong>des <strong>locais</strong> atuam. Nesse sentido, segundo Duchacek (1990), os temas mais<br />
recorrentes na atuação de esta<strong>dos</strong> e <strong>municípios</strong> são: comércio, investimento, tecnologia,<br />
energia, meio ambiente, turismo, itens sociais, intercâmbios culturais, políticas migratórias,<br />
tráfico de drogas, epidemias e políticas sanitárias. De acordo com Vigevani, esses parecem ser<br />
também os interesses <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> brasileira.<br />
Conforme dito, as causas <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> são constantemente identifica<strong>da</strong>s por<br />
duas óticas: <strong>dos</strong> interesses e <strong>da</strong>s <strong>determinantes</strong>. Nos parágrafos anteriores notaram-se algumas<br />
<strong>da</strong>s contribuições quanto à primeira. Apesar do forte componente normativo, a preocupação<br />
com os interesses tentou eluci<strong>da</strong>r <strong>caso</strong>s empíricos que corroborassem as classificações,<br />
mesmo que de forma pouco rigorosa. Isso é compreensivo até <strong>da</strong> perspectiva do modelo<br />
explicativo mais amplo <strong>da</strong>s Ciências Sociais. Os modelos racionais, por exemplo, têm sérias<br />
falhas de análise sobre as escolhas, ao não problematizarem interesses e preferências do<br />
tomador de decisão.<br />
Na literatura <strong>da</strong> análise de política externa (foreign policy analisis) o debate é<br />
recorrente e envolve pesa<strong>da</strong>s críticas ao racionalismo (especificamente quanto à formação de<br />
interesses), desde posições mais bran<strong>da</strong>s advin<strong>da</strong>s do modelo cognitivo (ROSATI, 2000 e<br />
STEIN, 2000) até mais duras origina<strong>da</strong>s no Construtivismo, tanto na vertente estruturalista<br />
(KATZENSTEIN, 1996), quanto na pós-positivista (CHECKEL, 2008 e RISSE, 2000). O que<br />
se deseja dizer com isso é que nem para as Ciências Sociais a discussão sobre interesses está<br />
assenta<strong>da</strong> [apesar de exemplos magistrais <strong>da</strong> lógica racional como a de Allison (1999) e<br />
Putnan (1988)], e por isso é que é comum existirem na <strong>paradiplomacia</strong> argumentos basea<strong>dos</strong><br />
em interesses com uma perspectiva superficial (claro que nem to<strong>dos</strong>, haja vista os modelos<br />
acima descritos, que dão um panorama preciso do ponto de vista de interesses). <strong>As</strong> análises <strong>da</strong><br />
<strong>paradiplomacia</strong>, com decisões <strong>da</strong>s elites <strong>locais</strong> em atuar internacionalmente tem exemplos<br />
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