As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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Essa região também encabeçou uma série de iniciativas tranfronteiriças e se envolveu<br />
na cooperação Norte-Sul e na assistência para o desenvolvimento. Pelo menos uma região<br />
francesa, Rhône-Alpes, também apresenta um desenvolvimento razoável e uma<br />
<strong>paradiplomacia</strong> multidimensional. Além de ser um <strong>dos</strong> membros <strong>dos</strong> “Quatro motores” e de<br />
diversas outras associações transfronteiriças, a região tem desenvolvido relações bilaterais<br />
com uni<strong>da</strong>des subnacionais em países <strong>da</strong> África, Ásia e Europa Central. Essas relações,<br />
conceitua<strong>da</strong>s como “cooperação descentraliza<strong>da</strong>”, assumem a forma de assistência para o<br />
desenvolvimento, intercâmbios culturais e educacionais, assim como cooperação técnica e<br />
científica.<br />
Existe um terceiro tipo de <strong>paradiplomacia</strong> que é motiva<strong>da</strong> primariamente por<br />
considerações políticas e culturais, apesar de a dimensão econômica não estar totalmente<br />
ausente. Essa <strong>paradiplomacia</strong> realça, principalmente, a expressão internacional de uma<br />
identi<strong>da</strong>de distinta <strong>da</strong> projeta<strong>da</strong> pelo Estado central. Ela tende a ser muito ambiciosa, só que<br />
isto não é manifestado no âmbito de suas participações em redes (algumas delas têm uma<br />
temática muito específica, como a mobili<strong>da</strong>de urbana ou a educação), mas na lógica geral de<br />
condução <strong>dos</strong> seus empreendimentos internacionais. Os governos regionais buscam<br />
desenvolver relações internacionais que irão afirmar a distinção cultural, a autonomia política<br />
e o caráter nacional <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de que representam. Nesse contexto, a <strong>paradiplomacia</strong> pode<br />
se tornar altamente conflituosa. Não existem muitos <strong>caso</strong>s de <strong>paradiplomacia</strong> que se encaixam<br />
nessa categoria, mas o País Basco, estu<strong>da</strong>do especificamente por Lecours, é um deles.<br />
A motivação econômica tem influência nas ações externas desenvolvi<strong>da</strong>s pelos<br />
governos subnacionais brasileiros, o que se pode perceber analisando as ativi<strong>da</strong>des<br />
desenvolvi<strong>da</strong>s pelo município de São Paulo, por exemplo. Essas motivações existem, mas<br />
nem sempre são as centrais. No Brasil, a motivação econômica tem intensi<strong>da</strong>de variável,<br />
sendo, muitas vezes, instável, pois se vincula à vontade política do governante. <strong>As</strong> motivações<br />
não se esgotam nessa vertente, podendo-se citar outras: a cooperação volta<strong>da</strong> para o<br />
desenvolvimento social, a questão ambiental e, ain<strong>da</strong>, as ações volta<strong>da</strong>s para o fortalecimento<br />
político de <strong>municípios</strong> e esta<strong>dos</strong>, inclusive o aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de influir em decisões de<br />
caráter internacional.<br />
Nem sempre existe consenso sobre quais as motivações <strong>dos</strong> governos subnacionais<br />
ao se lançar ao exterior ou se ao menos esses interesses podem ser verifica<strong>dos</strong>. Para Keating<br />
(1999), por exemplo, existe certamente uma forte lógica funcional para a ativi<strong>da</strong>de e tem-se<br />
notado o quanto ela expandiu-se com a globalização e com a necessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s regiões<br />
operarem no mercado global. Ain<strong>da</strong> assim, esse tipo de atuação não é funcionalmente<br />
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