As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O viés econômico também é presença quase unânime nas explicações sobre a<br />
<strong>paradiplomacia</strong>, seja nos países desenvolvi<strong>dos</strong>, como no <strong>caso</strong> <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> americanos<br />
(McMILLAN, 2008), seja nos emergentes, como no <strong>caso</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Paulo<br />
(VIGEVANI; PRADO, 2009). A ligação ocorre em dois vieses, o primeiro, apresentado no<br />
primeiro capítulo, está relacionado com o interesse econômico <strong>dos</strong> governos subnacionais ao<br />
se lançarem ao exterior. A noção principal embuti<strong>da</strong> aí é a de que a busca pelo<br />
desenvolvimento econômico (parceiros comerciais, exportações e atração de investimentos)<br />
motiva os gestores <strong>locais</strong> a atuar paradiplomaticamente.<br />
O segundo viés remete à concepção de que as características econômicas presentes<br />
nas regiões possibilitam que as ativi<strong>da</strong>des transnacionais sejam postas em prática. Os níveis<br />
de ren<strong>da</strong> e o montante do comércio e de investimentos que aumentam os produtos internos<br />
brutos <strong>dos</strong> <strong>locais</strong> se tornam <strong>determinantes</strong> <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>. Foca-se nessa segun<strong>da</strong><br />
perspectiva para desenvolver o modelo explicativo, <strong>da</strong>do que os interesses <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des<br />
<strong>locais</strong> nem sempre remetem à ativi<strong>da</strong>de paradiplomática 15 .<br />
Existem alguns estu<strong>dos</strong> quantitativos que corroboram o viés econômico, como o <strong>caso</strong><br />
do México. Farfán e Schiavon (2005) desenvolveram um modelo estatístico que considera<br />
<strong>determinantes</strong> políticas, geográficas e econômicas <strong>da</strong> atuação <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> mexicanos. Nesse<br />
último tipo, eles assinalam a hipótese de que “<strong>As</strong> the income level of the entities is greater, as<br />
measured by their GDP (2002), it can be argued that they will have more economic resources<br />
to invest in public policies, such as, greater international participation”(FARFÁN;<br />
SCHIAVON, 2005, p. 17). Depois de ro<strong>da</strong>do o modelo estatístico, concluem que “with the<br />
exception of the Distrito Federal, that states with higher income will have higher levels of<br />
international participation” (FARFÁN; SCHIAVON, 2005, p. 18).<br />
Da mesma forma, as <strong>determinantes</strong> econômicas estão presentes no modelo<br />
quantitativo de McMillan para o <strong>caso</strong> <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> norte-americanos. A hipótese dele é a de<br />
que “greater economic interdependence of a state should lead to greater foreign policy<br />
activities by that state’s governors” (McMILLAN, 2008, p. 238). Ao contrário do PIB,<br />
medido no modelo mexicano, o autor apresenta os indicadores de investimento externo direto<br />
e de exportação. Ele espera, assim, que “foreign policy activities should rise with an increase<br />
in state FDI” e que “foreign policy activities should rise with an increase in state exports”<br />
(McMILLAN, 2008, p. 238).<br />
Em estu<strong>dos</strong> qualitativos essa variável também foi trabalha<strong>da</strong>. Elas estão presentes<br />
nos mais varia<strong>dos</strong> <strong>caso</strong>s, desde as relações <strong>da</strong> região do Tartaristão na Rússia com países<br />
15 ver mais sobre essa discussão no capítulo 1.<br />
101