As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
De forma geral, entende-se que quando os governos <strong>locais</strong> em um mesmo país são estu<strong>da</strong><strong>dos</strong>,<br />
somente é possível identificar suas atuações transnacionais por meio <strong>da</strong>s <strong>determinantes</strong><br />
encontra<strong>da</strong>s em nível local.<br />
2.3.1 Causas externas <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong><br />
A noção sobre o cenário internacional e o efeito que tem na <strong>paradiplomacia</strong>, por<br />
vezes, aparece de forma genérica na literatura. Dizer que a interdependência, a globalização, a<br />
revolução <strong>da</strong> informação ou as novas tecnologias são fatores explicativos <strong>da</strong> atuação de<br />
governos <strong>locais</strong> nessa arena parece vago e não esclarece satisfatoriamente o fenômeno. Segue-<br />
se como a literatura entende esses conceitos e sua relação com a <strong>paradiplomacia</strong>.<br />
A interdependência<br />
No que se refere à interdependência, os especialistas são unanimes em enfatizar os<br />
seus efeitos no surgimento <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des paradiplomáticas; mesmo entre estes, porém, o<br />
enfoque <strong>da</strong>do à interdependência é variado. Alguns aprofun<strong>da</strong>m a dimensão econômica<br />
(SASSEN, 1998, 2001), outros, a vertente política (SOLDATOS, 1990, HOCKING, 2004,<br />
ALDECOA; KEATING, 2000, DUCHACEK, 1990, KINCAID, 1990, CORNAGO, 2000) e<br />
até a cultural (LECOURS, 2007). To<strong>da</strong>s essas perspectivas têm em comum noções similares<br />
sobre o que é o fenômeno <strong>da</strong> interdependência e <strong>da</strong> globalização. A nossa abor<strong>da</strong>gem está<br />
longe de ser inovadora nesse aspecto. Pelo contrário, referir-se-á aos estu<strong>dos</strong> de Joseph Nye,<br />
em seu Cooperação e Conflito nas Relações Internacionais (2009) com bastante frequência,<br />
cujo enfoque, como se sabe, se dá nas transformações globais ao longo do último século.<br />
A primeira e fun<strong>da</strong>mental explicação é o que se entende por interdependência. Nas<br />
palavras de Keohane e Nye (2001), a dependência representa o estado em que se está<br />
determinado ou altamente afetado por forças externas. A interdependência representa, de<br />
modo simples, a dependência mútua. Nesse sentido, “interdependence in world politics refers<br />
to situations characterized by reciprocal effects among countries or among actors in different<br />
countries” (KEOHANE e NYE, 2001, p. 7). Os efeitos se <strong>da</strong>riam por meio <strong>da</strong>s transações<br />
internacionais de pessoas, bens, serviços e finanças entre as fronteiras nacionais.<br />
Os autores evidenciam que há uma questão crucial na interdependência e está<br />
relaciona<strong>da</strong> a seus custos. O que diferencia a interdependência <strong>da</strong> mera interconectivi<strong>da</strong>de são<br />
os custos envolvi<strong>dos</strong> na primeira. Esse assunto será abor<strong>da</strong>do abaixo, mas o importante é<br />
esclarecer que a interdependência envolve custos recíprocos na relação, ou seja, os contatos<br />
são de tal relevância que os atores são mutuamente sensíveis e vulneráveis.<br />
62