As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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existência de estu<strong>dos</strong> bons e ruins, mas que a tradição <strong>da</strong> pesquisa nunca é um critério de<br />
distinção. Partindo dessa perspectiva, identifica-se a presente dissertação como também um<br />
<strong>caso</strong> de “bridging” entre as duas tradições. Apesar de não serem aprofun<strong>da</strong><strong>dos</strong> <strong>caso</strong>s<br />
específicos como em Martin ou Putnan, apresentou-se todo o modelo em bases qualitativas,<br />
com o aprofun<strong>da</strong>mento teórico, conceitual e empírico <strong>dos</strong> indicadores presentes em estu<strong>dos</strong> de<br />
<strong>caso</strong> ou estu<strong>dos</strong> comparativos qualitativos. Além disso, a maioria <strong>da</strong>s variáveis é categórica. É<br />
ver<strong>da</strong>de que são utiliza<strong>da</strong>s técnicas de regressão para atingir o objetivo de entender, no<br />
universo <strong>dos</strong> 5562 <strong>municípios</strong>, a <strong>paradiplomacia</strong> no Brasil por meio <strong>da</strong>s variáveis <strong>locais</strong>, mas<br />
em hipótese alguma elas excluem as noções mais profun<strong>da</strong>s <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> qualitativos.<br />
Consequentemente, esta pesquisa não se enquadraria perfeitamente nem na vertente<br />
quantitativa, nem na qualitativa. Como os próprios King, Keohane e Verba enfatizam, poucos<br />
trabalhos se encaixam totalmente em uma ou outra categoria. De fato, combinaram-se<br />
recursos de ambas as tradições e é diante dessa constatação que esforços foram feitos para<br />
justificar, por meio de uma discussão já madura sobre as análises quantitativa e qualitativa, as<br />
escolhas metodológicas aplica<strong>da</strong>s.<br />
Os mesmos argumentos desse debate mais amplo são possíveis de se repetirem<br />
quando discuti<strong>da</strong> a melhor forma de estu<strong>da</strong>r a <strong>paradiplomacia</strong>. Muitos autores podem<br />
discor<strong>da</strong>r <strong>da</strong> utilização do método estatístico para entender um fenômeno complexo e cheio de<br />
detalhes relevantes. A contribuição de estu<strong>da</strong>r um ou poucos <strong>caso</strong>s poderia ser mais bem vista<br />
por entender de forma mais completa o processo de criação de uma área internacional ou <strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de paradiplomática em si (apresentando os processos históricos <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de local, os<br />
contextos idiossincráticos em que as elites atuam politicamente e até os sistemas de crença<br />
<strong>dos</strong> governantes <strong>locais</strong>). Como se pôde constatar nos capítulos anteriores, os estu<strong>dos</strong> de <strong>caso</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> são abun<strong>da</strong>ntes na literatura e eles apresentam bem não só a descrição de<br />
<strong>caso</strong>s, mas inferências causais sobre os processos de atuação transnacional de esta<strong>dos</strong> e<br />
<strong>municípios</strong>.<br />
A opção deste estudo, nesse sentido, está longe de ambicionar substituir os<br />
arcabouços explicativos qualitativos; pelo contrário, são eles que subsidiam as hipóteses do<br />
estudo. O que se buscou oferecer foi uma abor<strong>da</strong>gem diferencia<strong>da</strong>, mais ampla e inédita para<br />
o estudo do fenômeno no país. O olhar abrangente sobre um grande número de observações,<br />
com <strong>da</strong><strong>dos</strong> abun<strong>da</strong>ntes, pode trazer novas perspectivas para o fenômeno ou pelo menos<br />
corroborar <strong>caso</strong>s que, apesar de trazerem repercussões amplas, estavam vincula<strong>dos</strong> a um<br />
grupo seleto de <strong>municípios</strong>. A concepção presente não é, inclusive, totalizante para a<br />
<strong>paradiplomacia</strong> brasileira, já que a pergunta acaba tratando se refere apenas <strong>da</strong>s diferenças<br />
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