As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O foco do presente trabalho, no entanto, não é o <strong>da</strong> participação <strong>dos</strong> governos<br />
subnacionais nas negociações do clima, apesar de o tema já ser recorrente, especialmente em<br />
alguns estu<strong>dos</strong> norte-americanos (CHALOUX, 2010, CHATRCHYAN, DOUGHMAN e<br />
ALLRED, 2009). Trata-se de analisar o fenômeno <strong>da</strong> atuação internacional de governos<br />
subnacionais como um todo. Mais especificamente, a ideia central é entender quais as<br />
<strong>determinantes</strong> <strong>locais</strong> que influenciam na decisão de um governo local se lançar ao exterior por<br />
meio de uma estrutura administrativa especializa<strong>da</strong> e, mais ain<strong>da</strong>, quais características <strong>dos</strong><br />
<strong>municípios</strong> se relacionam com as respectivas atuações internacionais. Neste estudo, será<br />
focalizado o <strong>caso</strong> do Brasil.<br />
Em termos gerais, traçou-se um diagnóstico <strong>da</strong> atuação internacional do Brasil sob a<br />
ótica <strong>da</strong> dimensão local. A partir de um levantamento quantitativo, foram relaciona<strong>da</strong>s<br />
algumas variáveis <strong>locais</strong> com a presença de estruturas de áreas internacionais forma<strong>da</strong>s nas<br />
administrações públicas municipais. Essa correlação pode fornecer quadro alternativo de<br />
como as relações transnacionais do país são desenvolvi<strong>da</strong>s e como outros atores que não<br />
governo central, portam-se nesse novo contexto.<br />
Como ponto de parti<strong>da</strong>, partilhamos <strong>da</strong> mesma hipótese do teórico Panayotis<br />
Sol<strong>da</strong>tos (1990), um autor-chave para os estu<strong>dos</strong> do que se convencionou chamar de<br />
<strong>paradiplomacia</strong> (DUCHACEK, 1990; SOLDATOS, 1990; HOCKING, 1993; ALDECOA e<br />
KEATING, 1999; CORNAGO PRIETO, 2004). Para ele, existem <strong>determinantes</strong> que podem<br />
explicar a presença de ativi<strong>da</strong>des transnacionais em enti<strong>da</strong>des subnacionais. O autor aponta<br />
três níveis de análise em que se inserem as variáveis explicativas para a <strong>paradiplomacia</strong>:<br />
causas externas, causas domésticas em nível federal e causas domésticas em nível local.<br />
Essa premissa foi assumi<strong>da</strong> e a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> para o <strong>caso</strong> brasileiro. De certa forma, a<br />
análise estatística multivaria<strong>da</strong> que será desenvolvi<strong>da</strong> nas próximas páginas visa testar essa<br />
teoria, que é considera<strong>da</strong> referência na explicação <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>. Adicionaram-se<br />
também contribuições de outros autores que podem complementar o quadro explicativo de<br />
Sol<strong>da</strong>tos, tornando-o mais detalhado.<br />
O motivo para o foco nas características <strong>locais</strong> será apresentado mais a frente; desde<br />
já, no entanto, defende-se a tese de que para entender o porquê alguns <strong>municípios</strong> brasileiros<br />
atuam internacionalmente deve-se olhar para o local. São as competências, condições e<br />
potenciali<strong>da</strong>des <strong>locais</strong> que diferenciam as uni<strong>da</strong>des subnacionais entre si. Essa diferença é<br />
fun<strong>da</strong>mental para entender as <strong>determinantes</strong> <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> em um mesmo país. Ao<br />
contrário <strong>da</strong>s visões recorrentes <strong>dos</strong> estu<strong>dos</strong> <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>, que fazem uma<br />
análise no sentido top-down, ou seja, de uma perspectiva globalista ou <strong>da</strong> simples<br />
19