As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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maioria <strong>da</strong>s experiências mais avança<strong>da</strong>s ou maduras <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> no mundo, como são<br />
as do Quebec, <strong>da</strong> Catalunha ou de Flandres.<br />
Isso não significa que não haja ativi<strong>da</strong>des desenvolvi<strong>da</strong>s sem esse tipo de<br />
determinante. Os länders alemães, os esta<strong>dos</strong> norte-americanos, as ci<strong>da</strong>des italianas e<br />
francesas e até os <strong>municípios</strong> e esta<strong>dos</strong> brasileiros, entre outros, são provas disso.<br />
Anteriormente foi dito que essa variável pode ser fun<strong>da</strong>mental em certos <strong>caso</strong>s, mas como o<br />
próprio Lecours (2008, p. 119) afirma “There are not that many instances of paradiplomacy<br />
that fit this category”.<br />
Não se desenvolveu de fato os <strong>caso</strong>s históricos do nacionalismo basco que embasam<br />
o argumento de Lecours. Ele envolve uma série de características que vão desde a formação<br />
<strong>da</strong> Espanha como Estado, até a atuação violenta do grupo separatista ETA, passando pela<br />
ditadura de Franco e o exílio do governo basco <strong>da</strong>í decorrente. <strong>As</strong> explicações conceituais<br />
básicas, no entanto, foram levanta<strong>da</strong>s por esses dois vieses do nacionalismo, que, na visão do<br />
autor, traz como consequência a atuação paradiplomática <strong>da</strong> região.<br />
Nos estu<strong>dos</strong> quantitativos conheci<strong>dos</strong>, a variável Regionalismo/Nacionalismo não é<br />
estu<strong>da</strong><strong>da</strong>. Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e o México não têm, assim como o Brasil, problemas relevantes<br />
que envolvam identi<strong>da</strong>de e separatismo; no entanto, para o <strong>caso</strong> brasileiro resolveu-se testar<br />
uma hipótese marginal que se relaciona com os movimentos históricos de separatismo no Rio<br />
Grande do Sul. Sabe-se que, atualmente, essa discussão perdeu força a ponto de não ser<br />
relevante em termos políticos, mas mesmo assim decidiu-se incluir essa variável no modelo.<br />
<strong>As</strong> justificativas podem não ser as mais robustas, mas existem na literatura. Citou-se<br />
no capítulo anterior o estudo de Nunes (2005) sobre a <strong>paradiplomacia</strong> gaúcha. Ela aponta<br />
como aspecto fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> Secretaria Extraordinária de <strong>As</strong>suntos Internacionais<br />
(SEAI) o processo de integração regional advindo <strong>da</strong> democratização no Brasil e na<br />
Argentina, com o Rio Grande do Sul apontado como geograficamente privilegiado no novo<br />
bloco que se formava. Há também, mesmo que tangencialmente, argumentos históricos com<br />
relação à formação do federalismo brasileiro, como “a marca<strong>da</strong> inserção gaúcha no contexto<br />
platino, sendo o último estado brasileiro a fazer parte <strong>da</strong> Federação” (SCP apud Nunes, 2005).<br />
Existem indícios de que, tanto na reali<strong>da</strong>de quanto nos esforços analíticos essa ideia<br />
de diferenciação entre o estado e o restante do país esteja viva.<br />
118<br />
Historicamente, um tema recorrente na relação do Rio Grande do Sul com o Brasil é justamente a tensão<br />
entre autonomia e integração. A ênfase nas peculiari<strong>da</strong>des do estado e a simultânea afirmação do<br />
pertencimento dele ao Brasil se constitui num <strong>dos</strong> principais suportes <strong>da</strong> construção social <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />
gaúcha que é constantemente atualiza<strong>da</strong>, reposta e evoca<strong>da</strong>. (OLIVEN, 2002, p.3)