As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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acadêmica na França e na Bélgica. A fixação pelos estu<strong>dos</strong> <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong> parece ter sido<br />
influencia<strong>da</strong> pelos países em que o fenômeno surgiu e até hoje se encontra em estágio mais<br />
avançado, tanto em termos <strong>da</strong> própria atuação internacional <strong>dos</strong> governos subnacionais quanto<br />
<strong>da</strong>s análises que se seguiram. Essa relação entre polos de surgimento de fenômenos e centros<br />
de estu<strong>dos</strong> correlatos é lógica e tem outros exemplos na <strong>paradiplomacia</strong>, como o <strong>caso</strong> de<br />
André Lecours e Noé Cornago Prieto nos estu<strong>dos</strong> do País Basco.<br />
Entre os escritos de Sol<strong>da</strong>tos sobre a <strong>paradiplomacia</strong> (ele também se notabilizou por<br />
estu<strong>da</strong>r profun<strong>da</strong>mente o processo de regionalização europeia) destaca-se seu An<br />
Exploranatory Framework for the Study of Federated States as Foreign-policy actors<br />
(SOLDATOS, 1990). O estudo é referenciado por quase to<strong>dos</strong> os autores <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong><br />
desde o início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> de 1990, tanto pela ideia de racionalização <strong>da</strong> política externa que<br />
pode ocorrer com a atuação paradiplomática (ao contrário <strong>da</strong> visão predominante até então,<br />
que enfatizava a ideia de conflito) quanto, e principalmente, pelo modelo <strong>da</strong>s <strong>determinantes</strong><br />
desse fenômeno.<br />
Fez-se uso, em parte, de suas explicações no capítulo anterior quando se dissertou<br />
sobre as tipologias de <strong>paradiplomacia</strong>; mas, cabe avançar um pouco mais nas outras partes do<br />
seu texto. Será apresenta<strong>da</strong>, rapi<strong>da</strong>mente, a ideia de racionalização <strong>da</strong> política externa, porque<br />
ela dá subsídios para entender o processo que ele chamou de segmentação ou “muitas vozes”<br />
na política externa, e, de forma mais detalha<strong>da</strong>, o que identifica como <strong>determinantes</strong>.<br />
Foi explicado anteriormente que ele as divide em três níveis, causas domésticas em<br />
nível local, causas domésticas em nível federal e causas externas, e que neste capítulo as duas<br />
últimas serão foca<strong>da</strong>s. Nesse segmento, será coloca<strong>da</strong> a explicação de Sol<strong>da</strong>tos com algumas<br />
contribuições de outros autores. Poder-se-á discutir com maior profundi<strong>da</strong>de ideias como a<br />
globalização, a interdependência, o federalismo e o pacto federativo no país, que têm peso<br />
explicativo importante para a existência <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>, mas que para o <strong>caso</strong> <strong>da</strong><br />
diferenciação <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des federativas, que compara atores subnacionais em um mesmo país,<br />
mostram-se pouco efetivas.<br />
2.1 De que se trata a <strong>paradiplomacia</strong>?<br />
Para Sol<strong>da</strong>tos, como resultado <strong>da</strong> crise de representativi<strong>da</strong>de no nível do processo<br />
sistêmico e do desempenho <strong>da</strong> política externa do Estado, assim como em um processo de<br />
reação e tentativa de remediar essa crise, o fenômeno de “muitas vozes” na política externa<br />
(chama<strong>da</strong> por ele de segmentação) surge mais frequentemente, mas não exclusivamente, em<br />
federações industriais avança<strong>da</strong>s, no qual governos federais individualmente e uni<strong>da</strong>des<br />
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