As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
144<br />
existência de uma instância não monopolizadora, porém coordenadora <strong>da</strong> ação exterior do governo, é uma<br />
<strong>da</strong>s principais ferramentas paradiplomáticas com que se conta. To<strong>dos</strong> os governos centrais e regionais<br />
com ativi<strong>da</strong>de internacional significativa dispõem de uma estrutura institucional que coordena ou trata de<br />
coordenar as relações exteriores. Para avaliar a ação exterior <strong>dos</strong> atores que consideramos, portanto, é<br />
fun<strong>da</strong>mental levar em conta o processo de construção e evolução <strong>da</strong>s respectivas estruturas institucionais<br />
paradiplomáticas. (SALOMÓN e NUNES, 2007, p.105)<br />
Essa noção não torna a tarefa de identificação menos complexa. A própria Salomón<br />
(2007) adverte para os perigos de adotar esse indicador. Segundo ela, há alguns obstáculos<br />
para identificá-la porque, muitas vezes, as competências dessas estruturas não coincidem com<br />
o que realmente fazem ou há mais de uma uni<strong>da</strong>de administrativa responsável por ações<br />
semelhantes de planejamento internacional. Ademais, uma “estrutura institucional<br />
paradiplomática” não representa necessariamente ações concretas, tanto pela falta de controle<br />
em desenvolver os interesses do local internacionalmente, quanto no desenvolvimento de<br />
ações por outros órgãos dentro <strong>da</strong> administração, a exemplo <strong>da</strong>s secretarias específicas (saúde,<br />
educação, cultura, turismo, etc.) ou do próprio gabinete do prefeito.<br />
Essas condicionali<strong>da</strong>des não desqualificam o indicador utilizado, já que mesmo no<br />
âmbito central é recorrente a presença de obstáculos semelhantes. Imaginar o contrário seria<br />
admitir que as ações externas do governo central sempre são origina<strong>da</strong>s ou passam<br />
necessariamente por sua chancelaria.<br />
Essa tarefa de identificar os governos <strong>locais</strong> brasileiros que possuem estrutura<br />
internacional é complexa. Os <strong>da</strong><strong>dos</strong> nem sempre são confiáveis e, às vezes, confiar na auto<br />
indicação <strong>dos</strong> gestores <strong>locais</strong> como possuidores de ativi<strong>da</strong>de paradiplomática pode ser mais<br />
objeto de retórica do que factual. Essa dificul<strong>da</strong>de já foi identifica<strong>da</strong> por outros autores:<br />
“Elaborar uma lista <strong>dos</strong> governos municipais e estaduais mais ativos no campo <strong>da</strong><br />
<strong>paradiplomacia</strong> é uma tarefa difícil, principalmente pela falta de continui<strong>da</strong>de ao longo de<br />
tempo <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des externas de esta<strong>dos</strong> e <strong>municípios</strong>.” (SALOMÓN, 2011, p-). Além disso,<br />
“Podemos afirmar que no Brasil há ain<strong>da</strong> uma baixa institucionali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>paradiplomacia</strong>. A<br />
questão coloca-se em dois níveis, tanto na falta de reconhecimento destas ações na esfera<br />
jurídica, quanto na formalização no plano subnacional de estruturas que garantam<br />
continui<strong>da</strong>de.” (VIGEVANI e PRADO, 2009, p.7).<br />
Mesmo com esses obstáculos, empreenderam-se esforços para encontrar um grupo de<br />
<strong>municípios</strong> que representasse o mais fielmente possível ativi<strong>da</strong>des paradiplomáticas do país.<br />
Para isso, foram cruza<strong>da</strong>s algumas listas tanto presentes na literatura quanto de instituições<br />
que tratam do tema. Obviamente foram levanta<strong>da</strong>s as áreas internacionais no período<br />
estu<strong>da</strong>do, de 2005 a 2008.