As determinantes locais da paradiplomacia: o caso dos municípios ...
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anteriormente cita<strong>dos</strong>, em que estu<strong>dos</strong> qualitativos usam um grande N e pesquisas<br />
quantitativas com um N pequeno.<br />
KKV (1994) levaram essa ideia de ponte ao centro <strong>da</strong>s discussões de desenho de<br />
pesquisa científica, quando identificam que os dois estilos de pesquisa compartilham apenas<br />
uma lógica de inferência. <strong>As</strong> duas tradições parecem bem diferentes, mas na visão <strong>dos</strong> autores<br />
essas diferenças são mais estilísticas e, metodologicamente e substantivamente, não<br />
importantes. Uma mesma lógica de inferência oferece os modelos para ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s<br />
perspectivas de pesquisa. Ela tende a ser explica<strong>da</strong> e formaliza<strong>da</strong> mais claramente em<br />
discussões sobre o método de pesquisa quantitativo, mas também está presente nas melhores<br />
pesquisas qualitativas.<br />
Os autores reafirmam a tese de que por muitas déca<strong>da</strong>s os cientistas políticos vêm<br />
debatendo os méritos do estudo de <strong>caso</strong> vs. os estu<strong>dos</strong> estatísticos, estu<strong>dos</strong> de área vs. estu<strong>dos</strong><br />
comparativos e estu<strong>dos</strong> “científicos” de política que usam méto<strong>dos</strong> quantitativos vs.<br />
investigações “históricas” basea<strong>da</strong>s em entendimentos textuais e contextuais ricos. Conforme<br />
visto, alguns pesquisadores quantitativos acreditam que análise estatística sistemática é o<br />
único caminho para a ver<strong>da</strong>de na ciência social. Os defensores <strong>da</strong> pesquisa qualitativa<br />
discor<strong>da</strong>m veementemente.<br />
Essas diferenças de opinião levam a um debate vivo, mas infelizmente, ela bifurca as<br />
Ciências Sociais entre uma vertente quantitativa-sistemática-generalizante e uma vertente<br />
qualitativa-humanística-discursiva. Enquanto a primeira se torna mais e mais sofistica<strong>da</strong> na<br />
análise de <strong>da</strong><strong>dos</strong> estatísticos (e seus trabalhos se tornam menos compreensíveis para aqueles<br />
que não tenham estu<strong>da</strong>do suas técnicas), a segun<strong>da</strong> se torna ca<strong>da</strong> vez mais convenci<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
irrelevância de tais análises para os eventos aparentemente não replicáveis e não<br />
generalizantes nos quais os profissionais estão interessa<strong>dos</strong>.<br />
A maioria <strong>dos</strong> pesquisadores não se encaixa claramente em uma ou outra categoria.<br />
Os melhores combinam recursos de ca<strong>da</strong> uma. No mesmo projeto de pesquisa alguns <strong>da</strong><strong>dos</strong><br />
coleta<strong>dos</strong> são passíveis de análise estatística, ao mesmo tempo em que outras informações<br />
igualmente importantes não são. Padrões e tendências no comportamento político, social e<br />
econômico são mais rapi<strong>da</strong>mente sujeitos a análises quantitativas do que o fluxo de ideias<br />
entre pessoas ou a diferença feita por uma excepcional liderança individual. Se deseja-se,<br />
advertem KKV, entender as mu<strong>da</strong>nças rápi<strong>da</strong>s do mundo, é precisaro incluir informações que<br />
não podem ser facilmente quantificáveis, assim como as que podem.<br />
Os autores apresentam dois <strong>caso</strong>s que exemplificam essa ideia de mescla entre as<br />
duas tradições. Primeiro citam o estudo de Lisa Martin referente ao grau de cooperação<br />
internacional presente nas sanções econômicas. O livro Coercitive Cooperation (MARTIN,<br />
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